Seis grandes bancos europeus abanam com a pandemia. Unicredit lidera números vermelhos
Na banca, seis das principais entidades do Velho Continente publicaram perdas trimestrais, as quais, em alguns casos foram mesmo históricas mas ainda assim justificadas pela queda na atividade e, acima de tudo, pela necessidade de avançar com provisões extraordinárias para enfrentar os efeitos sobre a economia nos próximos meses da pandemia.
O alerta parte, desde logo dos gigantes alemães Deutsche Bank e o Commerzbank mas o foco está no Unicredit italiano. Nesta lista constam ainda a Société Générale francesa, o holandês ABN Amro e o BBVA ao apresentarem ‘números vermelhos’ entre janeiro e março deste ano. E apesar de o setor estar confiante de que a recuperação começará a partir do verão, para os analistas, as perspectivas não são assim tão otimistas.
A liderar os registos negros está o Unicredit, com um buraco de 2.706 milhões nas suas contas, depois de ter reservado contra a covid-19 cerca de de 900 milhões. A sua situação contrasta precisamente com a do rival direto, o Intesa Sanpaolo , que aumentou os lucros em 9,6%, sendo a única entidade na zona euro a conseguir progredir nos lucros, entre os maiores agentes do sistema.
Segue-se o BBVA com perdas de 1.792 milhões, influenciadas pelo ajuste no valor dos negócios nos Estados Unidos e pela alocação especial de 1.433 milhões devido à pandemia. O restante dos números vermelhos não excede 400 milhões.
Na Europa, o setor teve de antecipar com provisões o aumento dos empréstimos vencidos e a diminuição da atividade, tanto nos empréstimos quanto em produtos diversos como os fundos de investimento e compra e venda de ações pelos clientes. Os recursos destinados a este item ultrapassam 10 mil milhões, sem contar com os grupos britânico ou suíços.
Os líderes deste bancos são unânimes em assumir que, para os próximos trimestres, terão que continuar a fazer provisões.
Ainda sobre o futuro, os analistas do setor defendem que, mais cedo ou mais tarde, alguns bancos terão que ir ao mercado para aumentar o capital para fortalecer a solvência, apesar da flexibilidade concedida pelo BCE na contabilização de empréstimos insolventes vinculados à pandemia e da liberdade de reduzir a capitalização.
E há mesmo quem projete um futuro com uma onda de fusões para sobreviver porque, os danos da pandemia, poderão ser mais graves neste setor do que se consegue hoje antever.