Covid-19: Seis formas de restabelecer confiança nas organizações

A confiança pode ser o maior bem de uma empresa e ajuda a criar motivação, moral e lealdade nos colaboradores. A confiança também diminui o stress, um enorme benefício durante estes tempos conturbados. Resumidamente, a confiança cria um bom ambiente de trabalho.

Contudo, neste momento, as pessoas estão preocupadas com a perda de emprego e podem estar demasiado concentradas a analisar todas as mensagens e decisões da empresa. Este inquérito, feito recentemente a mil colaboradores norte-americanos a trabalhar a tempo inteiro, descobriu que a maioria não confia nos seus empregadores:

  • 63% acreditam que os seus empregadores estão a usar a pandemia de COVID- 19 e a incerteza económica como desculpa para cortar postos de trabalho;
  • 61% acreditam que os seus empregadores estão a usar os cortes durante a pandemia para passarem para uma força de trabalho mais automatizada;
  • 52% acreditam que os seus empregadores querem deslocar os funcionários e organizações devido à COVID-19.

Muitas empresas deram aos colaboradores uma boa razão para estarem preocupados. Ouvimos histórias de chamadas repentinas por Zoom que resultaram em layoffs e despedimentos.

Embora estas histórias se tornem famosas, acredito que a maioria das empresas quer que os seus funcionários se sintam respeitados e protegidos. Mais ainda, a maioria dos líderes compreende os benefícios de manter uma cultura empresarial positiva que perdurará muito depois de a pandemia e os problemas económicos terem terminado.

Eis as minhas recomendações para manter e reconstruir a confiança perdida durante estes tempos difíceis.

Ser transparente (o máximo possível)

Como líder de negócios, a melhor forma de combater a enorme incerteza que as pessoas enfrentam actualmente é ser o mais aberto possível. Caso contrário, os colaboradores preencherão os espaços em branco baseando-se nas suas suspeitas e não em factos.

Adoro este conselho de Lawrence Miller, instrutor na Udemy e coach de liderança: «Partilhem os dados e explicam em termos francos e honestos o que estes indicam.» Lawrence Miller sublinha que quando as empresas revelam aos colaboradores informações sobre a forma como a organização está a lidar com os problemas económicos actuais, estes tornam-se mais compreensivos, mesmo que o resultado seja desanimador. «Principalmente nesta altura de crise, todos os colaboradores compreendem que a empresa está a ser atingida, de uma forma ou de outra.»

Abraçar a vulnerabilidade

Durante tempos difíceis como este, um verdadeiro líder mostra a sua vulnerabilidade, em vez de recorrer ao silêncio e à inacessibilidade. Vi exemplos incríveis de abertura por parte de alguns líderes, que partilharam os seus pensamentos e emoções, e até a sua tristeza, ao tomarem decisões fundamentais. Não tenham medo de perguntar à vossa equipa, a gestores ou a outros colaboradores como fazer um melhor trabalho. Estejam disponíveis para comunicar quando precisam de fazer melhorias. Se sentem que tomaram a decisão errada, comuniquem esses sentimentos abertamente. O mais entusiasmante nos negócios é que mudamos e aprendemos todos os dias. Mostrar aos colaboradores que estão também a aprender e a crescer é dar o exemplo.

Nada de surpresas

Manter as linhas de comunicação abertas dentro de uma organização é fundamental para manter a confiança. Se eventualmente precisarem de fazer drásticas mudanças estruturais, ninguém será apanhado desprevenido.

Qualquer pessoa que tenha trabalhado em RH sabe que as surpresas são inimigas das boas relações com os colaboradores. Quando um negócio passa por dificuldades, é preciso tomar medidas que têm impacto na vida dos funcionários. Sejam disciplinados e atenciosos ao partilharem essas informações assim que podem para que os colaboradores não sejam os últimos a saber dos desafios da empresa. Um layoff repentino ou enormes mudanças na estratégia podem criar desconfiança nos colaboradores, que passam a acreditar que podem perder o emprego sem qualquer aviso.

Sejam bons professores

Penso que não se fala o suficiente sobre isto, mas, como líderes, têm também de ser bons professores. É fundamental que os colaboradores compreendam como o negócio funciona. Quando partilham as entradas e saídas de receitas e despesas de forma eficaz, criam uma linguagem comum quando se fala do negócio. É muito mais fácil convencer os colaboradores a embarcarem na vossa estratégia quando surge uma grande mudança como a COVID-19 se eles tiverem estas informações essenciais.

Se não instruíam as pessoas da empresa anteriormente, está na altura de começar. Rodeiem-se de pessoas com boas competências de comunicação e certifiquem-se de que os principais elementos do negócio são facilmente compreendidos por todos.

Não se isolem

Os líderes neste novo ambiente de trabalho à distância sentem que estão a perder a oportunidade de desenvolverem confiança como acontecia no passado. Antes da COVID-19, o nosso próprio CEO, Gregg Coccari, passava pelo menos meia hora todas as manhãs a passear pelo escritório, falando com os colaboradores e criando muitas ligações informais, mas importantes.

Claro que Gregg Coccari não consegue fazer isto no ambiente actual. Por isso, está a descobrir novas formas de estar em contacto, como almoços virtuais com colaboradores de todo o mundo, e a aprender a depender mais dos seus líderes, que podem ajudar a colmatar as faltas. É uma boa altura para os líderes estarem abertos ao feedback de quem os rodeia. Aproveitem esse feedback e façam um inventário dos vossos pontos fortes, e pensem como podem lidar com os pontos fracos.

Não percam a esperança

Mesmo quando o moral e a confiança cai ou vocês tropeçam, mantenham a esperança. Há sempre oportunidade para mudar. Após quase 25 anos nos RH, acredito mais do que nunca que a confiança, uma vez perdida, pode ser reconquistada. Há muito perdão dentro das organizações quando os líderes admitem falhas, lidam com os receios dos colaboradores e são abertos e honestos.

Por fim, embora isto possa parecer contra-intuitivo, um bom líder lidera inicialmente com humildade, principalmente em alturas destas. Como Lawrence Miller aconselha, não tenham medo de admitir os erros e depois melhorar na oportunidade seguinte. «Ganharão respeito se pararem um pouco para pensar», explica Lawrence Miller. «A arrogância é inimiga da aprendizagem e destrói a confiança. A humildade é uma atitude de aprendizagem que faz ganhar confiança.»

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