SEF diz que há dois mil estrangeiros por dia a escolher viver em Portugal
Disparou o número de emigrantes a requerer pedidos de residência em Portugal. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) renovou quase 54 mil autorizações de residência, até Julho deste ano. Por dia, foram atendidas duas mil pessoas. E estão abertas 11 mil vagas até ao fim do ano, escreve o “Jornal de Notícias” (JN).
De acordo com dados, ainda provisórios, a que o “JN” teve acesso, o SEF concedeu um total de 76 940 novos títulos de residência, só nos primeiros sete meses deste ano, um aumento de 68% face ao período homólogo.
Recorde-se que, no ano passado, foi batido o recorde na concessão de novos títulos de residência, que ascenderam aos 93 mil. Sendo que, até Julho deste ano, o SEF caminhava já para os 77 mil. Quanto às renovações de autorização de residência, registou-se, em igual período, um acréscimo de 16%, para as 53 900.
Dos novos títulos de residência, 21 820 foram atribuídos ao abrigo do reagrupamento familiar que, são, conforme especifica o SEF, «os assuntos com maior procura».
Depois de aquele organismo ter ficado, temporariamente, sem vagas para atendimento, foram disponibilizadas, na semana passada, cerca de «11 mil vagas adicionais para agendamento até ao afinal desde ano». Porém, olhando para as contas do SEF, «existem mais de 135 mil marcações para atendimento em todos os balcões até ao final do mês de Dezembro». Entretanto, foi já aberto o calendário para agendamento para o primeiro trimestre do próximo ano.
Contas feitas, no primeiro semestre deste ano, foram atendidas 155 mil pessoas em todo o país, mais 24% do que em comparação com o mesmo período do ano passado. Para fazer face a este «boom» que está a entupir os serviços, o SEF tem a decorrer, neste momento, um concurso público para contratar 116 assistentes técnicos, «exclusivamente vocacionado para o atendimento ao público e que irá duplicar» a capacidade deste organismo.
Brasil lidera pedidos
Em relação às nacionalidades dos requerentes, a nacionalidade brasileira continua a liderar os pedidos. De acordo com o relatório de actividade do SEF de 2018, em termos acumulados – ou seja, os que já cá estavam e os que entraram -, o Brasil correspondia a 21,9% da comunidade estrangeira residente em Portugal, com 105 mil pessoas), seguindo-se Cabo Verde (7,2%) e Roménia (6,4%).
Não muito diferente, se olharmos para as pessoas que obtiveram autorização de residência no ano passado – o chamado fluxo -, o Brasil continua a ser o mais representativo, com 28 mil entradas.
Como explica ao “JN” o alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado, Portugal é, presentemente, o segundo país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico onde a imigração mais cresceu (21%), numa variação muito acima da média dos países desenvolvidos; apenas a República Checa regista uma subida superior.
Gisele Siqueira, de 42 anos, é um desses casos. Natural de Belo Horizonte, no Brasil, chegou a Portugal em Agosto de 2016 para fazer um mestrado em Gestão e Economia de Serviços de Saúde na Universidade do Porto.
Quanto ao SEF, afirma: «Já fiz elogios aos profissionais, eles estão tentando fazer o melhor, mas estão sufocados». «As campanhas de divulgação de Portugal são boas e houve um grande número de pessoas que vieram a Portugal e quiseram ficar», explica.
Adianta que, «desde o início [em 2016] para a actual conjuntura mudou muito, tem sido mais difícil ter acesso ao SEF. Defende a requalificação das pessoas, «porque um fala uma coisa e outro fala outra», e uma aposta na «qualificação contínua», porque «são profissionais bons, educados e respeitosos, mas que estão estafados e sobrecarregados».