“Se cortarem os fundos, vamos perder a guerra”: Zelensky faz apelo a Trump e deixa aviso aos aliados da Europa
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Ucrânia poderá “perder” a guerra contra a Rússia se os Estados Unidos cortarem os fundos de apoio ao país. A declaração foi feita numa entrevista à Fox News, transmitida esta terça-feira, em que o líder ucraniano discutiu os desafios que o conflito, com mais de 1.000 dias, continua a colocar.
Durante a entrevista conduzida pelo jornalista Trey Yingst, em Kiev, Zelensky sublinhou a importância da ajuda americana, e deixou já um aviso à administração Trump, após a transição de poder que se efetivará em janeiro do próximo ano: “Se cortarem [os fundos enviados pelos EUA], acho que perderemos [a guerra]”. Apesar da posição categórica, o presidente ucraniano reconheceu que o país continuará a resistir: “Claro que, de qualquer maneira, vamos ficar e lutar. Temos produção própria, mas não é suficiente para vencer. E acredito que não será suficiente para sobreviver. Mas, se essa for a escolha dos EUA, então decidiremos o que temos de fazer”, afirmou.
O líder ucraniano assinalou que a unidade interna e externa (entre os aliados) é essencial para a continuidade da resistência ucraniana: “Este momento depende, penso eu, da nossa união na Ucrânia. E o que é muito perigoso é que se possa perder a unidade na Europa e, mais importante, entre a Ucrânia e os EUA”.
Diplomacia continua a ser vista como solução para o conflito
O presidente ucraniano reiterou que a diplomacia é o caminho para acabar com o conflito, mas manifestou dúvidas quanto à disposição do presidente russo, Vladimir Putin, para dialogar. Questionado se o fim da guerra depende de Putin, Zelensky respondeu: “Hoje depende muito de Putin. Ele pode fazê-lo. Pode estar disposto a acabar com esta guerra”.
No entanto, o presidente ucraniano destacou que os Estados Unidos têm um papel ainda mais decisivo, neste âmbito. “Depende muito mais dos EUA. Putin é mais fraco que os EUA. O presidente americano tem a força, os poderes e as armas, e pode reduzir o preço dos recursos energéticos”, afirmou Zelensky, sublinhando a importância do apoio contínuo de Washington.
Apoio europeu nos 1.000 dias de conflito
Precisamente na data em que se assinalaram os 1.000 dias desde o início da invasão em grande escala pela Rússia, os líderes das principais instituições europeias reiteraram o compromisso da União Europeia (UE) em apoiar a Ucrânia. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, destacou numa mensagem nas redes sociais, publicada esta terça-feira: “No dia 1.000 da atroz guerra da Rússia, a Europa está ao lado da Ucrânia. Por cada dia de guerra. E todos os dias a partir de agora”.
Dear Ukrainians, Europe is your true friend.
Your freedom is our freedom.
Our Union is your home ↓ pic.twitter.com/9wmHExkljf
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) November 19, 2024
Von der Leyen alertou ainda para o inverno “tempestuoso e assustador” que se aproxima, agravado pelos ataques russos contra a infraestrutura energética ucraniana. Desde fevereiro de 2022, a UE forneceu cerca de 108 mil milhões de euros em ajuda financeira, humanitária e militar à Ucrânia, além de acolher 4,3 milhões de refugiados ucranianos sob proteção temporária.
Longa distância: a autorização dos EUA para ataques em território russo
De acordo com meios de comunicação ocidentais, o presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou a utilização de mísseis de longo alcance por Kiev contra alvos em território russo. No entanto, esta informação não foi confirmada pela porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, que, em conferência de imprensa esta terça-feira, afirmou: “O que estamos a fazer, como sempre fizemos desde o início, é garantir que a Ucrânia tenha o que precisa”.
Singh sublinhou ainda que “os EUA não estão em guerra contra a Rússia”, acusando Moscovo de escalar o conflito ao introduzir cerca de 11.000 norte-coreanos no campo de batalha.
Com o apoio internacional no centro das atenções, a Ucrânia enfrenta um momento crítico, em que o alinhamento entre aliados será decisivo para determinar o futuro da guerra e a capacidade do país de resistir à invasão russa.