“Se as taxas de juro subiram depois do verão, o impacto económico será muito forte”, alerta Mário Centeno

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, alertou esta quarta-feira que “se as taxas de juro subirem depois do verão, o impacto económico será muito forte”: em entrevista ao jornal espanhol ‘El Economista’, o ex-presidente do Eurogrupo (2018-2020) garantiu que a Europa pode evitar a recessão nos próximos meses desde que a inflação se mantenha controlada, o que sublinhou não ser responsabilidade apenas dos bancos centrais.

“A subida das taxas de juro foi realmente muito rápida, de 350 pontos base em pouco mais de seis meses, enquanto nas crises anteriores demorava três anos, mas os países, as famílias e as empresas tinham um colchão de poupança que permitiu que se adaptassem e que o aumento das taxas demora mais para ser percebido”, referiu o economista, garantindo que “a recessão pode ser evitada”.

“Acredito que a recessão pode ser evitada mas para que a economia não sofra excessivamente deve entrar num período de previsibilidade de preços que atualmente não é garantido. Se a contenção de preços for cumprida, a previsibilidade pode ser alcançada e a Euribor pode começar a cair em 2024”, referiu.

Até porque o ‘relógio não pára’. “Se continuarmos a aumentar as taxas depois do verão, o impacto provavelmente será muito forte. O colchão da poupança está a diminuir, mas com previsibilidade, famílias e empresas podem fazer as contas e, se a inflação for contida, poderemos evitar novas altas de juros. Não devemos ser míopes. É preciso tomar decisões contidas agora a favor das perspetivas para 2024 e 2025”, concluiu.