Saúde: CGTP diz que “há dinheiro” mas que “falta vontade política” do Governo para investir no SNS

As ruas de Lisboa encheram-se esta quinta-feira com os ruídos do descontentamento dos sindicatos pela forma como o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sido gerido, e que completa hoje 43 anos de existência.

A ação de protesto foi convocada pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP), cuja secretária-geral defende que deve ser feito um maior investimento no serviço público de saúde, como em equipamentos e nos profissionais, com a valorização dos salários e o estabelecimento de vínculos contratuais à Administração Pública.

Isabel Camarinha, em declarações a imprensa, garante que “há dinheiro”, salientando que “com os lucros que as grandes empresas e grupos económicos têm tido, há todas as condições para que haja condições de vida dignas”.

“O que há é falta de vontade política”, denuncia a líder da CGTP, acrescentando que se continua a permitir que “o grande lóbi dos grupos privados consiga impor a sua vontade de serem eles a garantir os cuidados de saúde que tem de ser o Serviço Nacional de Saúde a garantir”.

Quanto à escolha do Governo para nomear Fernando Araújo como Diretor-Executivo do SNS, Isabel Camarinha diz que os problemas da saúde não se resolvem com mudanças de “caras”, e que é preciso alterar as políticas seguidas pelo Governo.

“As opções que têm vindo a ser seguidas não nos dão qualquer garantia de que há vontade para fazer este investimento que é necessário [no SNS]”, defende a líder sindical, indicando que “não é com as opções que tem vindo a ser tomadas” que se concretiza um serviço de saúde “público, universal e gratuito”.

Isabel Camarinha reconhece que a Lei de Bases da Saúde ia “num caminho positivo”, mas que o novo estatuto do SNS, publicado em Diário da República no início de agosto, e que aguarda a promulgação do Presidente da República, “já traz uma promiscuidade com o setor privado”.

Dessa forma, defende que o Orçamento do Estado para 2023, cuja proposta deverá ser apresentada no dia 10 de outubro, tem de “garantir o investimento e o desenvolvimento do Serviço Nacional de Saúde”.

“Estamos a assistir ao abandono do SNS por muitos profissionais porque não têm as mínimas condições de trabalho”, frisa Isabel Camarinha, explicando que há várias áreas do SNS que precisa de reforço, mas “o que estamos a ver não é a aposta nesse reforço, nem na valorização dos profissionais”.

A responsável diz também que é “inimaginável” a proposta do Governo para aumentar em 2% os salários dos funcionários públicos, argumentando que não é assim que se conseguirá “manter os trabalhadores da Administração Pública, nomeadamente na Saúde”.

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