Salários não chegam para pagar crédito à habitação em 83% dos concelhos de Portugal continental

Portugal continental tem somente 45 concelhos – menos de um quinto – onde metade das famílias têm o rendimento mínimo necessário para a compra de habitação com recurso ao crédito: de acordo com dados do Ministério da Economia, a mediana de rendimentos em Portugal (1.091 euros) só chega para metade do necessário para suportar uma prestação ao banco: são necessários 2.063 euros.

A análise do Gabinete de Estratégia e Estudos, citada pelo ‘Jornal de Negócios’, apontou ainda para as dificuldades sentidas não apenas nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, mas também no restante território continental.

A par de Lisboa, a região do Algarve tem visto degradar-se a acessibilidade à habitação, sendo mesmo a região com os mais baixos níveis de acessibilidade. Já no Alentejo Central, as Beiras e Serra da Estrela concentram mais de um terço dos concelhos onde mais famílias conseguem cumprir a prestação do crédito à habitação.

Este índice de acessibilidade da habitação comparou, a nível local, a mediana de rendimentos das famílias com o esforço mensal exigido para cobrir um plano de prestações de crédito.

A conclusão do estudo apontou que em apenas 45 dos 278 concelhos do continente (16,18%) a mediana dos rendimentos consegue cobrir o valor das prestações exigíveis para as casas – estão sobretudo concentrados no interior, com exceção de quatro concelhos na região de Leiria e dois na região de Coimbra. No Alentejo Central está o número mais elevado de concelhos com acessibilidade – 10 –, havendo outros sete na região das Beiras e Serra da Estrela.

Outra realidade encontra-se em Vila do Bispo, no Algarve, concelho com a pior acessibilidade e no qual metade das famílias não tem rendimentos suficientes para cobrir sequer um terço da prestação que seria exigível num crédito.

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