Salaam, o jogo criado por um refugiado para mostrar como é viver como um

Lual Mayen não teve uma vida nada fácil, pouco tempo depois de nascer teve como destino um campo de refugiados no Norte do Uganda, no qual viveu durante 22 anos. Nesse período perdeu duas irmãs, vendo o seu núcleo familiar ficar reduzido a cinco pessoas. A sua experiência de vida traumática inspirou-o a criar um jogo, que retrata tudo aquilo por que passou, de acordo com o ‘The Washington Post’.

O jovem, actualmente com 25 anos, referiu ao jornal americano: «Se passas por alguma coisa difícil e sobrevives, a questão seguinte é: como emerges disso? Como usas essa oportunidade para tornar a tua vida melhor?», a resposta a estas perguntas, no caso de Lual Mayen, foi utilizar o cenário de guerra e fome, que tão bem conhecia, para criar a paz, fazendo nascer a primeira versão do jogo ‘Salaam’, que recria a vida de um refugiado.

Desde sempre que o jovem tinha uma paixão pelo entretenimento, fazendo até espectáculos de fantoches no campo de refugiados, para entreter os outros residentes e criando os seus próprios cenários: «Mais de 100 pessoas vinham sentar-se para o ver. Era como se fosse a hora de ver televisão», revela a mãe de Lual, Nyantet Daruka, citada pelo ‘The Whashinton Post’.

Aos 12 anos o jovem pediu à mãe um computador e apesar de na primeira reacção Daruka não ter levado o filho a sério, depois acabou por repensar que «qualquer que fosse o investimento» que fizesse em Lual, o filho ia fazer por merecer. Juntou dinheiro e ofereceu o computador ao filho.

Lual fez caminhadas para encontrar locais com Internet, tornou-se autodidacta ao aprender inglês, design gráfico e programação e em 2016 criou a primeira versão do jogo ‘Salaam’, palavra árabe que significa «paz».

O jogo desafia os utilizadores a destruírem as bombas que caíam do céu através de uma nuvem de paz. As várias partilhas tornaram Lual conhecido na comundade de ‘gamers’, fazendo com que em 2017, o jovem recebesse um convite para ser consultor do ‘World bank’, em conjunto com uma proposta para que fosse viver para os Estados Unidos, onde se encontra até hoje, em vias de criar a sua própria empresa, a ‘Janub Games’.

Com a empresa, será também criada uma nova versão do jogo, na qual os refugiados tentam escapar das bombas, mas também encontrar água e ganhar energia para sobreviver. Caso a energia acabe o jogador pode iniciar um novo jogo, ou comprar comida, água e medicamentos, aqui entra a grande novidade, essas compras são feitas em dinheiro real, que reverte a favor organizações não-governamentais parceiras da Junub Games.

 

 

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