‘No deal’? Saiba o que esperar do primeiro dia pós-Brexit

Não existem certezas em relação à saída do Reino Unido da União Europeia. A data não é certa, as condições não são certas e as consequências também não, mas é possível prever alguns cenários com base naquilo que foi discutido até agora. De acordo com a Bloomberg, os primeiros momentos pós-Brexit poderão ser qualquer coisa como isto:

– Apesar de todos os esforços, não há acordo de saída. O primeiro-ministro tem de solicitar uma extensão do prazo até 31 de janeiro de 2020. No entanto, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, já deu a entender que o pedido pode ser rejeitado, o que obrigaria o Reino Unido a uma saída desordenada já no final deste mês. É acionado o plano de contingência – nome de código “Operation Yellowhammer”.

Segundo a agência noticiosa, que se baseou em entrevistas, documentos governamentais, estudos universitários e histórias de pessoas reais, a ruptura imediata com a União Europeia, sem direito a acordo, deixa o Reino Unido completamente sozinho no mundo pela primeira vez desde a década de 1970. A libra cai, o povo sai à rua para protestar, tanto a favor como contra. Mas ainda não há registos de violência;

– Ao mesmo tempo, começam a ser verificados os camiões que entram e saem do país, assegurando que têm todos os documentos necessários. Cerca de 10 mil camiões atravessam o oceano a bordo de ferries todos os dias, carregando um sexto de todo o comércio de produtos. Somando os veículos que seguem para o continente através da linha do comboio, a nova burocracia poderá levar a filas de perto de 30 quilómetros e atrasos de 60 horas nas entregas;

– Os criadores de gado também enfrentam problemas, uma vez que os animais passam a contar com uma taxa de exportação para o Reino Unido, de perto de 50%. Com a aplicação desta taxa e com o fim dos subsídios da União Europeia, acaba-se o lucro e chega o prejuízo;

– O impacto do Brexit na bolsa, por seu turno, parece ser pouco significativo. Os grandes bancos e companhias dedicadas à compra e venda de acções prepararam-se a tempo e abriram escritórios em países da União Europeia;

– A ganhar com o Brexit estão os serviços de logística: os armazéns estão cheios de produtos que poderão ser mais difíceis de encontrar a partir daqui, desde cerveja Heineken a creme Nivea;

– Os músicos – ou quaisquer outros profissionais que precisem de viajar pela Europa –, por outro lado, têm a vida menos facilitada: são precisas autorizações para transportar os instrumentos, além de vistos para tocar em cada um dos países por onde passa a digressão;

– De acordo com a Bloomberg, a maioria dos britânicos precisará de alguns dias para sentir os efeitos do Brexit sem acordo. A acumulação de stocks prevenirá falhas imediatas nas prateleiras e o plano do governo para o transporte de medicamentos, químicos e combustível também será eficaz durante algum tempo.

Eventualmente, acabam os morangos frescos e os tomates, o preço da alface e dos pepinos sobem, as imagens de supermercados vazios tornam-se virais na Internet, instigando o pânico. Começam os encerramentos de fábricas e a confusão generalizada em torno dos portos. Boris Johnson salta para a televisão para discursar, pedir calma e a assegurar que o Brexit valerá a pena.

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