Rússia vai recorrer “a meios militares ainda mais fortes” se pressão ocidental continuar, avisa ministro russo
A Rússia vai recorrer a “meios militares ainda mais fortes” na sua guerra com a Ucrânia se os Estados Unidos e respetivos aliados não reconhecerem que Moscovo não pode ser testada indefinidamente, avisou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Ryabkov, em entrevista à ‘CNN’ esta quarta-feira.
“Os riscos são altos e estão a crescer, e isso é bastante perturbador”, salientou o responsável russo, acrescentando que as atuais tensões geopolíticas eram inéditas, mesmo “no auge da Guerra Fria”.
Segundo Ryabkov, não “há uma solução mágica” para o conflito, salientando que há uma falta de bom senso “e contenção no Ocidente, em particular nos Estados Unidos, onde as pessoas aparentemente subestimam a nossa determinação em defender os nossos principais interesses de segurança nacional”.
Recorde-se que esta terça-feira a Administração Biden anunciou novo pacote de assistência de segurança, de 725 milhões de dólares, para a Ucrânia, com o objetivo de colocar Kiev “na posição mais forte possível” conforme Moscovo intensifica os seus ataques – Joe Biden tem ainda algumas semanas para usar quase 7 mil milhões de dólares, parte de um pacote maior autorizado pelo Congresso no início deste ano para ajudar Kiev no conflito.
O risco de escalada militar não deve ser subestimado e depende das decisões de Washington, avisou Ryabkov, citando a “incapacidade muito óbvia do Governo dos EUA de realmente compreender que Moscovo não pode ser pressionada indefinidamente”. “Chegará um momento em que não veremos outra escolha senão recorrer a meios militares ainda mais fortes”, apontou, acrescentando que é improvável que uma escalada aconteça “imediatamente”. “Mas a tendência está aí”, alertou.
Abordando a possibilidade de negociações de paz com a Ucrânia, Ryabkov disse que as posições dos dois países são incompatíveis. “As chances de um acordo no momento são zero. No momento em que as pessoas em Kiev começarem a entender que não há como a Rússia seguir o caminho que sugeriram – pode haver aberturas e oportunidades.”