Rússia nega purga no exército após detenção de mais um general

A Rússia negou hoje que esteja em curso uma campanha de purgas dirigida a oficiais do exército, na sequência de uma nova detenção de um oficial de alta patente acusado de corrupção.

“A luta contra a corrupção é um processo contínuo e não uma campanha” de purgas, disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, aos jornalistas, citado pela agência francesa AFP.

Peskov disse que o combate contra a corrupção faz parte do trabalho das agências russas “de aplicação da lei”.

“Não se trata de forma alguma de uma campanha organizada”, acrescentou.

Um tribunal militar de Moscovo ordenou hoje a detenção preventiva do vice-chefe do Estado-Maior tenente-general Vadim Shamarin por suspeitas de corrupção.

Shamarin, que tinha o pelouro das comunicações na estrutura de chefia das forças armadas, foi acusado de ter “aceitado um suborno particularmente elevado”, segundo a imprensa de Moscovo.

A detenção de Shamarin é a mais recente de uma série de detenções de oficiais militares de alta patente por suborno, segundo a agência norte-americana AP.

O major-general Ivan Popov, um antigo comandante de topo da ofensiva russa na Ucrânia, foi colocado em prisão preventiva na quarta-feira também acusado de suborno.

Em abril, o vice-ministro da Defesa, Timur Ivanov, foi detido por suborno.

Ivanov era um colaborador próximo de Serguei Shoigu, que o Presidente Vladimir Putin demitiu do cargo de ministro da Defesa logo após ter tomado para um novo mandato, em maio.

O tenente-general Yury Kuznetsov, chefe da direção de pessoal do Ministério da Defesa, foi detido sob a acusação de suborno dois dias após a substituição de Shoigu.

O ex-ministro foi amplamente responsabilizado por a Rússia não ter conseguido capturar Kiev no início dos combates na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Também foi acusado de incompetência e corrupção pelo líder mercenário Yevgeny Prigozhin, que lançou um motim em junho de 2023 para exigir a demissão de Shoigu e do chefe do Estado-Maior, general Valery Gerasimov.

Menos de um mês após a revolta falhada de Prigozhin, que morreu depois num acidente aéreo, Popov foi demitido do cargo de comandante do 58.º Exército.

Popov admitiu ter falado com Shoigu sobre a insuficiência de equipamento, que levou a um número excessivo de mortes de russos, e considerou que a demissão foi uma “traiçoeira punhalada nas costas”.

As forças de Popov estavam a combater na região de Zaporijia, uma das zonas mais disputadas do conflito na Ucrânia.

Foi demitido um dia depois de o posto de comando do 58.º Exército na cidade de Berdyansk ter sido atingido por um ataque ucraniano, matando um general de alta patente.

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