Rússia limita celebrações da vitória sobre nazis por razões de segurança

A Rússia vai limitar, pelo segundo ano consecutivo, as celebrações da vitória soviética sobre a Alemanha nazi, um elemento central da narrativa patriótica do Kremlin, por razões de segurança.

Em particular, foram canceladas as procissões do “Regimento Imortal”, durante as quais milhares de russos marcham por todo o país segurando retratos dos seus familiares que participaram na Segunda Guerra Mundial, disse hoje uma responsável.

Devido às ameaças existentes para a segurança pública, relacionadas com o conflito na Ucrânia e o recente ataque perto de Moscovo, “a organização do ‘Regimento Imortal da Rússia’ decidiu não realizar a procissão (…) pessoalmente”, disse a codiretora da entidade, Elena Tsounaeva, citada pela agência Interfax.

Em contrapartida, propõe a afixação de retratos de veteranos nos transportes públicos, aviões e navios, ou a criação de “Galerias da Memória” em espaços públicos com retratos deste género.

Em maio de 2023, foram também cancelados os desfiles do “Regimento Imortal”.

O ministro da Educação, Sergei Kravtsov, citado pela Interfax, disse que estão, no entanto, previstas comemorações nas escolas, que são convidadas a acolher os veteranos da Segunda Guerra Mundial e os participantes no conflito na Ucrânia, apresentado por Moscovo como uma luta contra os neonazis.

A tradicional parada militar na Praça Vermelha, em Moscovo, vai realizar-se, enquanto outras cidades russas cancelaram os seus próprios eventos.

Nos últimos meses, dezenas de ataques de drones ucranianos atingiram a Rússia. Homicídios e tentativas de assassínio têm também como alvo várias figuras pró-Kremlin, e os serviços de segurança russos afirmam regularmente ter frustrado ataques ou sabotagens.

Hoje, as autoridades russas prenderam o principal suspeito de planear um ataque terrorista com a ajuda de supostos nacionalistas ucranianos na cidade de Briansk, perto das fronteiras com a Ucrânia e a Bielorrússia.

O Serviço Federal de Segurança (FSB) indicou que um dos principais envolvidos na tentativa “professava a ideologia nacionalista ucraniana e seguia instruções de representantes de uma organização terrorista proibida no país”.

Um ataque terrorista contra uma sala de concertos perto de Moscovo, em 22 de março, matou 144 pessoas e feriu centenas de outras.

As autoridades russas admitiram que o atentado tinha sido perpetrado por islamitas, mas não mencionaram a reivindicação do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), insistindo numa ligação com a Ucrânia, sem apresentar qualquer prova tangível.

Desde que chegou ao poder, Vladimir Putin fez da celebração da vitória soviética sobre a Alemanha nazi, conseguida à custa de mais de 25 milhões de mortos do lado soviético, um pilar do seu discurso patriótico.

Segundo os seus detratores, Putin utiliza a história para justificar as suas políticas e consolidar a sua legitimidade, apresentando-se como o herdeiro do poder soviético, enquanto minimiza os crimes da URSS e o seu pacto com Hitler em 1939.

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