Rússia enfrenta “ruína” devido a pressão das sanções ocidentais, alerta principal banqueiro de Putin

Ou Moscovo encontra outras formas de pagar as exportações ou a sua economia atingida por sanções vai enfrentar “a ruína”, alertou esta quinta-feira um dos principais banqueiros de Vladimir Putin, na sequência das medidas tomadas pelos credores chineses para suspender as transações com bancos russos.

O aviso de Vladimir Chistyukhin, primeiro vice-presidente do Banco da Rússia, surge após uma decisão da divisão russa do Banco da China de parar de processar pagamentos em yuan com bancos russos sancionados pelos Estados Unidos.

A medida foi seguida pelo ICBC, pelo China CITIC Bank e a maioria dos outros bancos chineses, preocupados com a possibilidade de serem vítimas das sanções ocidentais, que foram intensificadas para sufocar o financiamento da invasão da Ucrânia por Putin – no início deste mês, os Estados Unidos e outros países revelaram uma nova onda de sanções que visa instituições e entidades financeiras russas e indivíduos que fazem negócios com elas.

Numa intervenção no Fórum Jurídico Internacional de São Petersburgo, Chistyukhin salientou que a Rússia deve desenvolver quaisquer métodos de pagamento para resolver um problema crescente com transferências internacionais face às sanções. “É preciso fazer tudo para manter as rodas a girar”, sustenta.

“Tudo precisa de ser tentado, até soluções que pareciam impopulares para nós ontem”, recomenda, sugerindo alternativas como swaps de crédito ou criptomoedas. De acordo com o responsável, “o nosso país é dependente de exportações e de importações. Seria apenas uma ruína”.

A decisão do Banco da China pode causar uma dor especial a Putin, dado o aumento do comércio entre a Rússia e a China, que atingiu 218,2 mil milhões de dólares no ano passado, consolidando o papel da China como aliada e tábua de salvação económica de Moscovo.

À medida que a Rússia enfrenta a queda acentuada das receitas do gás e as sanções petrolíferas tornam mais difícil a venda do seu principal produto de exportação – embora Moscovo ainda ganhe dinheiro com isso – o papel da China aumentou como parceiro fundamental no tratamento da turbulência das sanções.

As sanções ocidentais impostas desde o início da guerra fizeram com que muitos grandes bancos russos suspendessem as transferências em dólares e euros e migrassem para liquidações internacionais em moedas como o yuan e as rúpias indianas.

Entretanto, a ‘Ordem Executiva 14114’ do presidente Joe Biden , emitida em dezembro último, cria um novo risco de sanções secundárias para as instituições financeiras chinesas. Dois meses depois de Biden emitir a ordem, o Zhejiang Chouzhou Commercial Bank, o principal banco chinês usado pelos importadores russos, interrompeu as operações na Rússia devido a receios de quebrar as sanções.

No início deste mês, os EUA também sancionaram a Bolsa de Moscovo e as suas subsidiárias, o Centro Nacional de Compensação e o Depositário Nacional de Liquidações, isolando-as efetivamente do sistema monetário global. A bolsa anunciou o fim da negociação de dólares americanos, euros e dólares de Hong Kong.

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