Rússia acusada de bombardear ajuda humanitária destinada a Gaza, afirma Reino Unido

A Rússia está a ser acusada de ter realizado ataques a navios que transportavam ajuda humanitária destinada à Faixa de Gaza, de acordo com informações divulgadas pela inteligência britânica e citadas pelo jornal The Telegraph. Estes ataques, que ocorreram em portos da Ucrânia, teriam atrasado o envio de bens essenciais para a população palestiniana, que enfrenta uma grave crise humanitária devido ao conflito em curso com o Hamas, o grupo que governa o enclave.

A Rússia mantém laços diplomáticos com o Irão e com o próprio Hamas, o que levanta questões sobre as suas motivações para atacar estes navios, segundo o relato das fontes britânicas.

Os ataques aos portos ucranianos, alegadamente conduzidos pela Rússia, têm vindo a dificultar o transporte de bens essenciais para Gaza, onde a população civil enfrenta uma deterioração rápida das condições de vida devido ao cerco militar e ao bloqueio causado pelo conflito entre Israel e o Hamas. O Primeiro-Ministro do Reino Unido, Keir Starmer, teria afirmado que “o Kremlin está disposto a arriscar a segurança alimentar global” na sua busca pela vitória na invasão da Ucrânia.

De acordo com informações dos serviços de inteligência britânicos, vários dos navios atingidos, considerados como “danos colaterais” pelas autoridades russas, estavam identificados com bandeiras de nações estrangeiras e faziam parte de esforços coordenados pelas Nações Unidas para melhorar a situação humanitária na Faixa de Gaza.

Navios atingidos incluem embarcações de bandeira estrangeira
Entre os quatro navios mercantes atingidos, entre 5 e 14 de outubro, está um navio de contentores com bandeira do Panamá. Este navio, que transportava óleo de girassol, fazia parte de um carregamento humanitário das Nações Unidas, conforme relatado pela inteligência britânica.

Keir Starmer, numa declaração contundente, criticou a Rússia pelos seus ataques indiscriminados aos portos do Mar Negro. “Os ataques indiscriminados da Rússia aos portos no Mar Negro sublinham que Putin está disposto a arriscar a segurança alimentar global na sua tentativa de forçar a submissão da Ucrânia”, afirmou Starmer. “Ao fazê-lo, está a prejudicar milhões de pessoas vulneráveis em África, na Ásia e no Médio Oriente, na tentativa de ganhar vantagem na sua guerra bárbara.”

Starmer foi ainda mais longe ao acusar a Rússia de desrespeitar as normas internacionais: “A Rússia não tem respeito pelas normas e leis que governam o nosso sistema internacional.”

Os danos causados pelos ataques russos não se limitam a Gaza. Outros navios atingidos estavam a caminho da África do Sul, como parte dos esforços do Programa Alimentar Mundial, bem como do Egito. Estes navios transportavam ajuda alimentar crucial para países que também enfrentam situações de insegurança alimentar severa.

Estes relatos surgem num contexto de crescente preocupação global com o impacto do conflito russo-ucraniano na segurança alimentar, especialmente após a suspensão do acordo de exportação de cereais através do Mar Negro, que já tinha deixado vários países dependentes de importações à mercê das interrupções causadas pela guerra. A situação humanitária em Gaza, que depende fortemente de assistência internacional, foi assim diretamente afetada pelas ações da Rússia, exacerbando ainda mais a crise já existente.

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