Rui Pinto “fez o que tinha de fazer” porque Portugal está a “sufocar com corrupção”

A uma semana do julgamento, Rui Pinto lamenta ter violado a lei para ter acesso aos dados, mas “fez o que tinha de fazer” porque Portugal está a “sufocar com corrupção”. “É revoltante que Portugal se tenha tornado a lavandaria das elites angolanas”, disse o hacker português à revista alemã Der Spiegel, na primeira entrevista que deu desde que saiu em liberdade.

O hacker disse estar convencido de que os dados o ajudariam a descobrir crimes graves e que não reflectiu adequadamente sobre as consequências das suas actividades.

“Pode fazer-me todas as perguntas que quiser”, disse. “Mas antes do julgamento, não serei capaz de responder a tudo. O tribunal é o local certo para explicar a minha posição”, acrescentou.

Rui Pinto disse que apenas se arrependia de ter contactado com Nélio Lucas, CEO da Doyen, empresa que, segundo o Ministério Público, terá tentado extorquir. “Fui ingénuo naquela altura”, reconhece, apesar de não estar à espera de ser condenado por esse crime.

No final da entrevista com a revista alemã, assegurou que não está preocupado com o que vem a seguir ao julgamento e não acredita que voltará à prisão. E primeiro quer resolver a sua situação legal. “Quero ser absolvido”, confessou.

O ‘pirata informático’ começa a ser julgado a 4 de Setembro por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.

Rui Pinto esteve preso durante cerca de um ano e meio, por alegados crimes informáticos, e está agora em liberdade, sob proteção policial, encontrando-se inserido num programa de protecção de testemunhas, após ter chegado a um acordo de cooperação com as autoridades.

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