Roménia ativa dois caças F-16 após dois alvos “não identificados” invadirem território da NATO

Dois caças F-16 da Força Aérea da Roménia foram mobilizados na quarta-feira à noite, após a deteção de pelo menos um alvo aéreo não identificado a sobrevoar território da NATO. Este incidente marca a terceira violação do espaço aéreo da Aliança no país, apenas numa semana.

O Ministério da Defesa da Roménia emitiu um comunicado onde referiu que, por volta das 20h45 locais, os radares militares detetaram um “alvo aéreo” não especificado ao longo da fronteira entre a Roménia e a Ucrânia. O alvo foi seguido pelos radares até à cidade de Tulcea, mas o sinal foi perdido por volta das 21h00, a cerca de 12 quilómetros a nordeste da localidade.

A cidade de Tulcea situa-se na fronteira com Izmail, um porto ucraniano alvo de repetidos ataques por parte da Rússia desde o início da guerra em fevereiro de 2022. A fronteira entre a Roménia e a Ucrânia é marcada pelo rio Danúbio, que passa a norte de Tulcea. Embora drones russos tenham anteriormente atravessado o espaço aéreo da NATO, incluindo a Roménia, o governo romeno não confirmou que o incidente de quarta-feira envolvesse tecnologia russa.

Alerta aéreo e resposta militar

Diante desta situação, dois caças F-16 da Força Aérea Romena descolaram da Base Aérea de Borcea, situada a sudoeste de Tulcea, “para monitorizar a situação”, segundo o Ministério da Defesa. Esta base aérea está localizada a leste de Bucareste, capital da Roménia.

Cerca de 25 minutos depois, os sistemas de vigilância radar detetaram outro alvo aéreo não identificado, “provavelmente diferente do primeiro”, a cerca de 2 quilómetros a noroeste do Lago Razim, por volta das 21h20. O alvo seguiu para sul, em direção à localidade de Mihai Viteazu, no distrito de Constanța, antes de retornar para o distrito de Tulcea, onde desapareceu dos radares por volta das 21h40, a cerca de 9 quilómetros da aldeia de Jurilovca.

De acordo com o governo romeno, os aviões de combate não conseguiram estabelecer contacto visual com os alvos aéreos em nenhum momento das suas trajetórias, detetadas pelos radares. O alerta aéreo terminou às 22h16, altura em que os F-16 regressaram à base.

O governo romeno informou que serão realizadas investigações nas duas áreas onde os sinais de radar foram perdidos, a fim de verificar se algum objeto aterrou em território romeno.

Incursões aéreas frequentes

Este não foi um incidente isolado. No sábado anterior, os radares romenos detetaram um “pequeno alvo aéreo” a cerca de 45 quilómetros a leste da aldeia de Sfântu Gheorghe, na costa do Mar Negro, dirigindo-se para território romeno. O objeto cruzou a fronteira sul do Lago Razim, cerca de uma hora e meia após ser detetado. Neste incidente, dois caças F-16 romenos e dois F-18 espanhóis, destacados da Base Aérea de Mihail Kogălniceanu, descolaram para intercepta o alvo. No entanto, os pilotos não conseguiram avistar o objeto, que percorreu cerca de 19 quilómetros dentro do território romeno, antes de os radares perderem novamente o sinal.

Dois dias antes, um outro objeto pequeno violou o espaço aéreo romeno no distrito de Constanța, avançando cerca de 13 quilómetros no território da NATO. Embora nenhum destes incidentes tenha sido diretamente atribuído à Rússia, incursões anteriores de drones russos, tanto na Roménia como na Letónia (também um membro da NATO), suscitaram preocupações sobre o possível alastramento do conflito na Ucrânia para países vizinhos.

Crescente tensão entre a NATO e Moscovo

Embora estas incursões de drones sobre território da NATO não tenham sido classificadas como ataques intencionais, aumentam as tensões entre a Aliança e Moscovo, numa das piores fases de relações diplomáticas em décadas.

“O que era impensável há três anos é agora tratado como rotina”, comentou Gabrielius Landsbergis, ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, no mês passado. “Nada deveria aterrar na Ucrânia, na Letónia ou em qualquer território da NATO, mas esta é a nova realidade que a nossa inação permitiu criar. A Lituânia, naturalmente, apoiará uma resposta forte dos aliados”, acrescentou.

Em declarações feitas na rede social X, o novo ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andrii Sybiha, referiu-se a estes episódios como um “lembrete claro de que as ações agressivas da Rússia se estendem para além da Ucrânia”.

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