Rio Tejo está em mínimos dos últimos 40 anos
A descida do caudal do Tejo Internacional atingiu mínimos históricos dos últimos 40 anos.
Os afluentes Ponsul, na Beira Baixa, e Sever, no Alto Alentejo, estão praticamente sem uma gota devido à falta de chuva e às políticas de gestão de recursos hídricos espanholas, avança a “SIC”.
O caudal não atingia estes valores desde que foram construídas as barragens no Tejo. E a factura a pagar é incalculável para a natureza e para economia.
A seca extrema do rio Tejo é de tal forma desoladora que a pesca está parada. Conceição Rosa, pescadora no Tejo há mais de 30 anos, garante nunca ter visto o Pônsul na situação em que está. «Mete mete. (…) Se não pesco, não como. Nem eu, nem pescador nenhum», diz a sexagenária, que não deita redes ao mar há mais de um mês.
O Tejo, maior rio da Península Ibérica, nasce na serra de Albarracín, em Madrid. Só em Espanha, tem 58 barragens. Sedillo é a última e está encaixada praticamente toda em território português, em Portalegre e Castelo Branco, mas é gerida pela eléctrica espanhola mais poderosa. E é aqui que começa o problema.
Para tentar cumprir a Convenção de Albufeira, em 20 dias, a última barragem espanhola deixou passar enormes quantidades de água, o que deixou em risco tudo a montante.
«Espanha foi libertando o caudal mínimo exigido, mas quando chegou a Setembro declararam estado de emergência por seca e tiveram de libertar tudo o que não tinham libertado durante o ano hidrológico. Tinham de libertar 2700 hectómetros cúbicos, mas se só tinham libertado o mínimo de repente, tiveram de libertar muita água para que no final do ano hidrológico a 30 de Setembro cumprissem o que está na convenção entre os dois países», como explica alcaide de Cedillo, Antonio González Riscado.
Em duas semanas, Espanha terá deixado passar mais de 400 hectómetros cúbicos pela barragem de Cedillo, o que baixou drasticamente o Tejo Internacional.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) diz que Espanha cumpriu convenção, mas os ambientalistas apontam o dedo e exigem renegociação da convenção. Samuel Infantes, da Quercus, garante que «Espanha não cumpriu a Convenção de Albufeira com Portugal, passou apenas 90%».
Porém, do lado da APA, Pimenta Machado diz estar seguro de que «os caudais semanais foram cumpridos». «Estamos agora a ultimar e a verificar os últimos valores, mas tudo indica que foram cumpridos os valores anuais», sublinha, acrescentando que há uma reunião marcada para Novembro em Lisboa.
Recorde-se que, um despacho do ministro da Agricultura, Luis Capoulas Santos, publicado a 1 de Outubro em Diário da República, declarou a existência de uma situação de seca severa extrema em 78 concelhos a sul do Tejo, o equivalente a 98% do território.
Este documento veio flexibilizar as obrigações impostas aos agricultores, nomeadamente as previstas nos regimes de apoio das medidas n.º 7, «Agricultura e recursos naturais», e n.º 9, «Manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas», ambas integradas na área n.º 3, «Ambiente, eficiência no uso dos recursos e clima», do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (PDR 2020)».
Concelhos em situação de seca severa extrema
Beja
Aljustrel
Almodôvar
Alvito
Barrancos
Beja
Castro Verde
Cuba
Ferreira do Alentejo
Mértola
Moura
Odemira
Ourique
Serpa
Vidigueira
Castelo Branco
Castelo Branco
Évora
Alandroal
Arraiolos
Borba
Estremoz
Évora
Montemor -o –Novo
Mora
Mourão
Portel
Redondo
Reguengos de Monsaraz
Vendas Novas
Viana do Alentejo
Vila Viçosa
Faro
Albufeira
Alcoutim
Aljezur
Castro Marim
Faro
Lagoa
Lagos
Loulé
Monchique
Olhão
Portimão
São Brás de Alportel
Silves
Tavira
Vila do Bispo
Vila Real de Santo António
Lisboa
Azambuja
Vila Franca de Xira
Portalegre
Arronches
Avis
Campo Maior
Elvas
Fronteira
Monforte
Ponte de Sor
Sousel
Santarém
Abrantes
Almeirim
Alpiarça
Benavente
Cartaxo
Chamusca
Constância
Coruche
Golegã
Salvaterra de Magos
Santarém
Setúbal
Alcácer do Sal
Alcochete
Barreiro
Grândola
Moita
Montijo
Palmela
Santiago do Cacém
Seixal
Sesimbra
Setúbal
Sines