Ricardo Mexia admite possibilidade de Portugal desconfinar mais cedo do que o previsto

Um dia depois de Portugal ter ficado abaixo das 100 mortes diária pela primeira vez num mês, o Presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde  Pública (ANPSP), Ricardo Mexia, admite a possibilidade de Portugal desconfinar mais cedo do que o previsto, se a tendência decrescente se mantiver.

Contactado pela Executive Digest o responsável considera que o facto de termos conseguido baixar das 100 mortes diárias é só por si «uma boa noticia», mas destaca outros indicadores, como a diminuição da incidência ou os internamentos. «Esperemos poder continuar nessa trajetória descendente, é muito importante que assim seja», salienta.

Quando questionado sobre um eventual alívio das medidas mais cedo do que previsto (para já segundo António Costa, não será antes de março), Ricardo Mexia indica que «as medidas têm sempre de acompanhar a evolução da incidência e por isso se mantivermos esta evolução positiva, penso que é possível haver uma apreciação nesse sentido», admite.

Contudo, «acho que não devemos ter uma abordagem precipitada porque já vimos o preço que pagámos por isso», refere lembrando «o que aconteceu no Natal».

Nesse sentido, Ricardo Mexia defende que é necessário «acompanhar as previsões daquilo que é a evolução epidemiológica, sem precipitações, mas também sem obstinação, e se os dados de facto apontarem no sentido positivo, devemos também refletir na nossa abordagem em relação à pandemia».

O especialista defende assim uma «abordagem planeada», onde seja possível «perceber quais serão as medidas de forma a que quando for oportuno implementá-las, já estejam pensadas, desenhadas e preparadas para entrar em vigor».

Quando chegar a altura de desconfinar, diz o especialista, a reabertura deve começar «por um lado, pelas atividades que têm menor risco de incidência, e que são mais fáceis de adaptar, mas também temos de pensar naquelas que geram maior impacto».

O Presidente da ANMSP defende que se comece «a ponderar quer a retoma da atividade escolar, quer de um conjunto de atividades económicas que têm sido muito penalizadas durante este período» e onde há um menor risco de contágio, como é o caso das lojas.

«As lojas, onde as pessoas mantêm o distanciamento e têm as máscaras colocadas todo o tempo, não representam um risco por aí além», considera. «Ir à padaria, ou ir comprar pão não envolve um risco tão grande, como por exemplo ir a um espetáculo ou ir jantar fora», explica.

Sobre as escolas, o responsável indica que «pode haver algum faseamento e fazer sentido que para as crianças mais pequenas possa haver uma retoma antes das idades mais avançadas», contudo, ressalva, «temos de olhar para os indicadores, se apontarem nesse sentido» poderá acontecer um regresso antes da Páscoa, admite.

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