Documentos secretos detalham programa de lavagem cerebral de minorias na China

Documentos confidenciais do governo chinês divulgados por um grupo internacional de jornalistas descrevem o funcionamento interno repressivo dos campos de detenção em Xinjiang, a região ocidental problemática.

A publicação no domingo [24 de Novembro] sobre os documentos secretos do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) avançou com uma reportagem do New York Times de 16 de Novembro, com base em documentos secretos que revelam detalhes da restrição da China à etnia uigures e muçulmanos da região.

Especialistas e activistas das Nações Unidas dizem que pelo menos 1 milhão de uigures e membros de outros grupos minoritários maioritariamente muçulmanos foram detidos em campos em Xinjiang. O ICIJ diz que obteve uma lista de directrizes de 2017 “que efectivamente serve como manual para a operação dos campos”, com instruções sobre como evitar fugas, manter sigilo sobre a existência dos campos, doutrinar os estagiários e “quando deixar os detidos ver familiares ou até usar a casa de banho”.

Outros documentos obtidos incluem “briefings de inteligência”, mostrando como a polícia foi “guiada por um sistema de colecta e análise de dados que utiliza inteligência artificial para seleccionar categorias inteiras de residentes de Xinjiang para detenção”.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, disse na última conferência de imprensa que os assuntos de Xinjiang eram uma questão interna da China, e que um Xinjiang estável e próspero era a melhor resposta ao que ele dizia ser uma calúnia. O jornal Guardian, informou a embaixada chinesa em Londres dizendo que “os documentos são pura fabricação e notícias falsas”. Pequim nega qualquer abuso, dizendo que está a fornecer treino para ajudar a acabar com o extremismo e separatismo islâmicos e ensinar novas habilidades.

A Reuters não conseguiu verificar a autenticidade dos documentos. De notar que há um crescente clamor internacional sobre o registo mais amplo de direitos humanos da China em Xinjiang. Os Estados Unidos da América lideraram mais de 30 países na condenação do que chamou de “horrível campanha de repressão”.

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