Reunião do BCE: Aumento era “esperado” pelo que não há um “impacto negativo”, diz economista do Banco Carregosa

O Conselho do BCE decidiu hoje aumentar as três principais taxas de juro do BCE em 75 pontos-base. Este é o terceiro grande aumento consecutivo da taxa de política monetária.

“Com este terceiro grande aumento consecutivo da taxa de política, o Conselho do BCE fez progressos substanciais na retirada do ajustamento da política monetária. O Conselho do BCE tomou a decisão de hoje, e espera aumentar ainda mais as taxas de juro, para assegurar o regresso atempado da inflação ao seu objectivo de 2% de inflação a médio prazo. O Conselho do BCE baseará a trajetória futura das taxas de política nas perspectivas de evolução da inflação e da economia, seguindo a sua abordagem de reunião por reunião”, diz o banco central em comunicado.

Em declarações à ‘Executive Digest’, Paulo Rosa, Economista Sénior do Banco Carregosa, explicou que o BCE revelou uma posição menos “hawkish”. “Este aumento já estava descontado pelo mercado e incluído nas atuais taxas de juro Euribor a 3, 6 e 12 meses, de 1,57%, 2,10% e 2,69%, respetivamente, pelo que não há um impacto negativo. Por exemplo, a Euribor a 3 meses cota habitualmente à volta da taxa de depósito do BCE que subiu hoje 75 pontos para 1,5%.”

Na verdade, o economista referiu alguma melhoria, refletida na queda dos rendimentos do tesouro dos vários membros da Zona Euro.

“O mercado reviu em baixa a subida do juros até ao seu pico no verão do próximo ano de 2,84% para perto de 2,5%, depois de Christine Lagarde ter reconhecido que a probabilidade de uma recessão aumentou, facto que se refletiu também na posterior queda dos juros da dívida pública da Zona Euro.”

Para a próxima decisão, a 15 de dezembro, a incerteza desapareceu e Paulo Rosa refere que o mercado desconta agora “um aumento de 50 pontos, registando-se algum alívio do BCE e nas palavras de Lagarde a indiciaram algum tom menos hawkish. Além do mais, Lagarde não indicou o nível de aumentos futuros das taxas, dizendo que eles estarão dependentes dos dados”.

Sobre o “quantitative tightening”, disse não existirem perspetivas para o seu início mas que depende das condições económicas.

“Caso não haja condições o aperto quantitativo poder ficar na gaveta. Lagarde referiu que detalhes sobre quando começará a reduzir o seu balanço patrimonial de 8,8 biliões de euros dependeria de várias condições para dar esse passo. Condições que serão discutidas em dezembro, mas acrescentou que o BCE estaria a analisar três fatores principais: as perspetivas de inflação, as medidas tomadas até ao momento e o desfasamento de transmissão da alta dos juros do BCE à economia – já que demora um pouco para que a decisão monetária tenha impacto na economia”, concluiu o Economista Sénior do Banco Carregosa.

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