Reunião da Fed: O que esperam os analistas da decisão que vai ser anunciada por Jerome Powell?
A Reserva Federal norte-americana (Fed) iniciou na terça-feira uma reunião de dois dias, que termina hoje, durante a qual deverá decidir um novo aumento das taxas de juro para travar a inflação, apesar da ameaça de recessão. Em agosto, a inflação nos Estados Unidos ficou acima do previsto, com o índice de preço CPI a avançar 8,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o que deverá levar a Fed a agir.
Marco Silva, consultor da ActivTrades, explica que verifica alguma cautela antes do final da reunião.
“Após um dia de alívio, os investidores optaram por preferir a cautela, em véspera de uma das mais importantes reuniões da FED dos últimos anos. Para além de uma subida potencialmente histórica dos juros em 1%, esta deverá primar pela relevância nas declarações dos membros sobre a reunião, assim como do que disser Jerome Powell na conferência de imprensa, uns minutos após as 14h de quarta-feira, hora de Nova Iorque. O mundo financeiro, ou pelo menos uma boa parte dele, está em suspenso, pois se uma subida de 0.75% é dada como o mínimo, os investidores querem ter visibilidade sobre se a Fed irá manter a agressividade na normalização da política monetária.”
O consultou referiu-se ainda à “missão impossível” que o Presidente da Fed tem entre mãos, a de conseguir reduzir acentuadamente a inflação. “Em suma, tal como Powell já referiu em maio, será preciso dor para resolver este problema, resta saber se a dor infligida será contida ou se o paciente sofrerá um prolongado estado de sofrimento, por exemplo dentro do cenário ocorrido em 2008, aquando da crise financeira.”
“Seja como for, a volatilidade deverá disparar esta quarta-feira, ficando provavelmente para quinta-feira a definição mais fidedigna da reação dos investidores ao que sair da reunião da Fed”, conclui.
Já os analistas da XTB dizem que “os mercados estão a dar como certo uma nova subida das taxas de juro durante a reunião de hoje. O mercado está neste momento a assumir subidas na ordem dos 75 pontos base. No entanto, também começam a surgir algumas probabilidade, perto de 18%, no que diz respeito a aumentos na ordem dos 100 pontos de base”.
“O tema sobre a inflação continua a ser motivo de grande preocupação para a economia dos EUA, por isso as declarações de Powell deverão ser doseadas entre uma postura hawkish e dovish para que os mercados não voltem a registar fortes pressões de venda como temos assistimos ultimamente.”
“Contudo, é importante notar que as expectativas de inflação nos EUA mostram os primeiros sinais de abrandamento da economia, pelo que a subida de hoje pode impor um limite superior no que diz respeito à quantidade de subidas no ciclo actual (a menos que a situação macroeconómica se deteriora ainda mais e a inflação central surpreenda)”, concluem os analistas.
Recorde-se que, desde março, o banco central norte-americano já aprovou quatro subidas das taxas de juro, as duas últimas, em junho e julho, de 75 pontos base, um aumento que não acontecia desde 1994.
As taxas de juro de referência estão, atualmente, entre 2,25% e 2,50%, tendo subido gradualmente de forma a aumentar o custo do crédito para particulares e empresas e abrandar o consumo e o investimento.