Rendimentos: Portugal sobe no ranking de países mais desiguais. Pior só Bulgária, Lituânia e Letónia
Portugal viu agravar-se a desigualdade na distribuição de rendimentos em 1,7 pontos percentuais, o que, de acordo com o ‘Jornal de Notícias’, fez o nosso país subir um lugar no ‘ranking’ da União Europeia dos países mais desiguais. É agora o quarto país, e pior só Bulgária, Lituânia e Letónia.
“Uma democracia que esquece cerca de dois milhões de pessoas em pobreza ou exclusão social é uma democracia enfraquecida e que está a falhar aos seus cidadãos”, avisou Maria José Vicente, coordenadora nacional da Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN), citada pelo jornal diário.
“O rendimento médio equivalente subiu 9,2 pp, mas este crescimento foi desigual. E o rendimento mediano, que é o que vai dar a linha de pobreza, subiu 7,3 pp”, frisou o economista Carlos Farinha Rodrigues, assinalando crescimentos desiguais que aumentaram a desigualdade. Na Área Metropolitana de Lisboa, notou, a taxa de risco de pobreza, apesar de estar abaixo da média nacional, foi a que mais subiu: +3,8 pp, para os 18,3%. “Não podemos pensar combater a pobreza sem ter em consideração o combate à desigualdade”, frisou.
Esse combate “não está a ser priorizado” pelo Governo, numa lógica de uma “estratégia integrada”. “É isso que tem falhado. A pobreza não tem uma só dimensão. Existem várias estratégias, mas parece que não há articulação, sendo o combate à pobreza remetido apenas para a área social”, sublinhou Maria José Vicente. “É uma questão de vontade política. É mais fácil tomar medidas avulsas do que ter um pensamento integrado que vise a redução e a erradicação da pobreza em Portugal”, referiu Carlos Farinha Rodrigues, salientando que “faltando uma visão integrada, os resultados serão sempre menores do que os que seriam possíveis de obter”.