Reino Unido compra 5 milhões de vacinas contra a gripe das aves para antecipar possível pandemia
O Reino Unido anunciou esta terça-feira a aquisição de mais de cinco milhões de doses de uma vacina contra a gripe aviária H5N1, destinada a seres humanos, como parte de um plano preventivo para enfrentar ameaças pandémicas futuras. A medida foi divulgada pelo Governo britânico no âmbito da sua estratégia de preparação contra potenciais patógenos com capacidade pandémica, embora, até ao momento, não haja evidências de que o vírus possa ser transmitido de pessoa para pessoa.
A Dr.ª Meera Chand, responsável pela área de infeções emergentes na Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA), afirma que a preparação antecipada para diferentes estirpes de vírus com potencial de risco para a saúde humana é essencial.
“O acesso antecipado a vacinas salva vidas. A adição de vacinas contra o H5 às intervenções já disponíveis permitirá que estejamos prontos para um leque mais amplo de ameaças”, sublinhou Chand, reforçando a importância desta iniciativa na estratégia preventiva do país.
A vacina será fabricada pela empresa britânica CSL Seqirus UK Limited, que possui uma longa experiência no desenvolvimento de vacinas para doenças infecciosas.
Nos últimos anos, a gripe aviária tem-se disseminado globalmente, afetando, sobretudo, populações de aves, mas também várias espécies de mamíferos. Em 2023, na América do Norte, foram registados surtos em centenas de rebanhos de vacas leiteiras e infeções em dezenas de trabalhadores agrícolas.
A comunidade científica tem vindo a monitorizar cuidadosamente os casos humanos esporádicos, dada a possibilidade de mutações no vírus que o tornem mais transmissível entre pessoas.
Massimo Palmarini, diretor do Centro de Investigação em Vírus da Universidade de Glasgow, elogiou a decisão do Reino Unido, em declarações ao The Guardian, nas quais considera que é “prudente que nos preparemos para o que pode acontecer no futuro”, mesmo que a vacina eventualmente não venha a ser necessária.
Por sua vez, Ian Brown, do Instituto Pirbright, destaca que, embora o vírus H5N1 atualmente não tenha capacidade para infetar eficientemente o trato respiratório humano, a existência de uma reserva de vacinas representa um passo crucial na preparação para eventuais mutações do vírus.
“Caso ocorra uma mutação que aumente a capacidade de infeção e transmissão entre humanos, as reservas de vacinas terão um papel fundamental no controlo inicial de um risco substancialmente maior ou de uma pandemia”, explicou Brown.
A decisão do Reino Unido segue-se a uma crescente preocupação internacional com os impactos da gripe aviária. O foco está, sobretudo, em garantir que os países estejam preparados para reagir rapidamente a possíveis alterações genéticas no vírus que possam torná-lo mais perigoso para a saúde humana.