Reino Unido autorizou venda de mansão por 18 milhões de euros por aliado de Abramovich que estava sancionado

O Reino Unido permitiu que associado próximo de Roman Abramovich, alvo das sanções do Ocidente no contexto da invasão da Ucrânia pela Rússia, vendesse uma mansão em Surrey por 16 milhões de libras (cerca de 17,98 milhões de euros): o antigo diretor do Chelsea, Eugene Tenenbaum, garantiu que a verba foi congelada de acordo com o regime de sanções do Governo.

Um depois de Downing Street o ter designado como alvo das sanções do Reino Unido e congelado todos os seus bens, Eugene Tenenbaum recebeu autorização do Governo Britânico para a venda da propriedade para um grupo hoteleiro de Singapura, num contrato celebrado a 17 de maio de 2022, relatou esta terça-feira o jornal britânico ‘The Guardian’.

Park Hill, uma mansão de oito quartos situada num terreno de 1 hectare, era de propriedade conjunta de Tenenbaum e da sua ex-esposa, uma cidadã britânica e que não está sob as sanções do Reino Unido: segundo os advogados de Tenenbaum, a venda da propriedade foi concluída de acordo com a lei e com o consentimento do Governo do Reino Unido, sublinhando que o “produto da venda foi congelado após a conclusão da transação de acordo com o regime de sanções”.

Tenenbaum era o braço-direito de Abramovich quando o oligarca russo construiu o seu império: um contrato de empréstimo sugere que Tenenbaum e sua então esposa compraram Park Hill em 2007 usando um empréstimo de 12 milhões de libras de uma empresa offshore ligada a Abramovich. O acordo estabeleceu que o mutuário não pode vender a propriedade sem acordo por escrito do credor e que o empréstimo venceria em 2027. Novo documento, este de setembro de 2020, sugeriu que o empréstimo com juros ainda estava pendente naquele momento e que o montante emprestado aumentou para £ 17 milhões.

“Fomos informados de que o produto da venda da propriedade não é e nunca será em benefício de Roman Abramovich”, apontaram os advogados. O Reino Unido designou Abramovich para sanções a 10 de março de 2022, duas semanas após o início da invasão de Putin, adicionando Tenenbaum à lista um mês depois.

“Silenciosamente, deram permissão para vender a sua mansão. Isso levanta sérias questões sobre porque foi permitida essa verba, como foram distribuídos os lucros e a falta de transparência em torno do processo de licenciamento”, acusou Ben Cowdock, líder das investigações da Transparência Internacional do Reino Unido, um grupo de campanha anticorrupção. “Para evitar a perceção de que a Grã-Bretanha é branda quando se trata de impor sanções, o Governo do Reino Unido deveria ser mais aberto sobre como as licenças são concedidas e para onde vão os fundos dessas vendas.”

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