Reeleição de Trump ‘empurra’ Harry e Meghan Markle para Portugal, diz imprensa estrangeira
A vitória de Donald Trump nas eleições que lhe garantiu um segundo mandato presidencial está a gerar grande receio entre membros do setor liberal nos EUA e, ao que tudo indica, também entre figuras públicas que já manifestaram descontentamento com o ex-presidente, como Meghan Markle e o príncipe Harry. O casal, que desde 2020 reside na Califórnia após a polémica saída da família real britânica, pode estar a repensar o seu futuro no país caso Trump retorne à Casa Branca, possivelmente optando por um regresso à Europa, mais precisamente para Portugal.
Vários comentadores políticos, citados pelo The Independent, destacam que, para muitos eleitores americanos, uma candidata como Kamala Harris – uma mulher de origem mista, liberal e proveniente de uma das maiores cidades da costa oeste – teria sempre sérias dificuldades em enfrentar (e bater) Trump. Segundo o historiador Dominic Sandbrook, o eleitorado americano tem uma resistência enraizada a figuras associadas à elite metropolitana liberal. Esta realidade também afeta Meghan Markle, conhecida pelo seu posicionamento crítico em relação a Trump e pela ligação a causas progressistas.
A opinião de Meghan sobre Trump sempre foi clara: em 2016, antes mesmo de conhecê-lo, já havia afirmado que a sua vitória seria razão suficiente para ponderar não voltar aos EUA. Contudo, foi em 2020, após o conturbado primeiro mandato de Trump, que Meghan e Harry encontraram apoio entre democratas, nomeadamente com Kamala Harris, que publicamente apoiou a duquesa de Sussex. Em troca, o casal incentivou o voto na campanha de Joe Biden, o que solidificou a sua imagem de oposição ao trumpismo.
Uma “Califórnia americana” sob ameaça?
O retorno de Trump ameaça também alguns dos projetos de Meghan e Harry, que apostam em empreendimentos com ideais inclusivos e cosmopolitas. O seu estilo de vida “super-inclusivo” pode ser cada vez mais difícil de sustentar num cenário de polarização intensificada nos Estados Unidos. Assim, é natural que a Europa comece a parecer uma alternativa mais segura e alinhada com os valores do casal.
No verão de 2023, surgiram rumores de que os Sussex teriam adquirido uma propriedade em Portugal, perto de Melides, um retiro no Alentejo conhecido pela sua tranquilidade e crescente popularidade entre celebridades e expatriados americanos. Portugal, que recentemente viu um aumento de 239% no número de residentes americanos desde a primeira eleição de Trump em 2017, é hoje uma das preferências entre cidadãos americanos que buscam fugir da divisão política e social do seu país de origem. A decisão de Meghan e Harry pode também facilitar o contacto com familiares próximos, como a prima do príncipe, Eugenie, que também possui uma residência na zona de Melides. Desta forma, ficaria tudo ‘em família’.
Para além das praias do Atlântico, um possível reencontro com o Reino Unido
A decisão de estabelecer raízes mais permanentes em Portugal oferece a Meghan e Harry a conveniência de estarem mais perto do Reino Unido, especialmente num momento em que a política britânica sob a liderança de Keir Starmer segue uma agenda progressista mais próxima das inclinações liberais do casal. A presença próxima ao Reino Unido pode ainda possibilitar uma eventual reaproximação com a família real, enquanto o príncipe Harry procura estar próximo do seu pai, o rei Carlos III.
Todavia, com a reeleição de Trump e a complexidade das relações entre os Estados Unidos e o Reino Unido, o casal pode enfrentar desafios adicionais. Apesar da antipatia por Trump, a necessidade de colaboração internacional, devido à guerra na Ucrânia e a questões de segurança na NATO, pode significar uma convivência pragmática entre o governo britânico e um presidente Trump, colocando Meghan e Harry numa posição diplomática sensível.
Por outro lado, Trump já manifestou admiração pela monarquia britânica, especialmente pela rainha Isabel II, e mantém-se fascinado pela pompa e tradição da família real. No entanto, a preferência do ex-presidente não parece incluir o casal Sussex, que se distanciou das convenções da realeza. Esta aversão mútua poderá levar a um distanciamento ainda maior do casal em relação aos EUA, especialmente caso Meghan e Harry procurem evitar qualquer envolvimento em possíveis encontros diplomáticos entre Trump e a família real, enquanto vivem na Europa.
Assim, a incerteza quanto ao futuro político nos EUA pode ser o empurrão necessário para que os Sussex, já com um pé em Portugal, ponderem uma mudança definitiva, deixando para trás as tensões americanas para se refugiarem no cenário mais tranquilo e acolhedor da Europa.