Rede lucrou mais de três milhões de euros com exploração de imigrantes em Beja, revela PJ

Segundo as contas apuradas pelos investigadores da Polícia Judiciária, a alegada rede de tráfico de seres humanos que explorava imigrantes na zona de Beja terá lucrado um total de 3 milhões e 89 mil euros com a atividade criminosa, durante cinco anos.

O número foi apurado, segundo o Público, pelo Gabinete de Recuperação de Ativos da Polícia Judiciária, tendo-se cruzado dados da Autoridade Tributária (AT), Instituto dos Registos e Notariado e do Banco de Portugal e comparado o valor do património dos arguidos com rendimento que tinham disponível, calculado pela AT.

“Aferidos e expostos os valores, conclui-se que os movimentos a crédito que constam dos extratos bancários dos arguidos diferem substancialmente dos rendimentos comunicados/declarados pelos próprios, culminando numa situação em que o valor do património não é congruente com o rendimento lícito”, explica a análise.

O Ministério Público (MP) deduziu acusação, em novembro do ano passado, contra 41 arguidos, por crimes de tráfico de seres humanos, associação criminosa e exploração de imigrantes de vários países, como Ucrânia, Moldova ou Timor-Leste.

Na acusação, a procuradora Felismina Carvalho sustenta que as empresas criadas pelo responsáveis da rede, prometiam a pessoas “vulneráveis” trabalho no setor da agricultura, com um pagamento muito superior ao que alguma vez pagaram, em muitos casos inexistente, e também que os arguidos deixavam as vítimas em condições de vida “degradantes”. Os imigrantes eram, segundo o MP, ameaçados e agredidos.

São descritos colchões no chão sujos, “falta de limpeza e cheiros nauseabundos”; baratas e pulgas num armazém com cinco casas de banho onde dormiam cem trabalhadores, ou divisões em que dormiam dez pessoas.

Os ordenados que eram prometidos às vítimas não eram pagos, e o valor era supostamente descontado na renda e, de acordo com a acusação do MP, também os documentos das vítimas eram sequestrados pelos arguidos.

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