Recessão de 12%? São previsões «duras e cruas» para o caso de não existirem ‘bazucas’, esclarece Marcelo

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esclareceu que as previsões do Conselho de Finanças Públicas de uma recessão de 12% não tiveram «em linha de conta» os apoios vindos de Bruxelas.

«É evidente que é uma situação económica e social grave. Cheguei a dizer num discurso que era brutal», tal como disse ontem o primeiro-ministro, António Costa, no debate quinzenal. No entanto, lembra, «o que o Conselho de Finanças Públicas diz é que se não houver medidas e nada de novo – interna ou externamente – os números para que apontamos são entre 7% da queda da riqueza nacional criada num ano e 12%, quase 13%, este ano». «Se não houver. Mas nós sabemos que vão haver medidas europeus. E isso o Conselho de Finanças Públicas não podia tomar em linha de conta porque ainda não está aprovado», sublinhou, apontando para Junho/Julho como os meses em que deverão ficar fechadas.

«Sabemos ainda que vai haver internamento o Plano de Estabilização Económica e Social e a utilização dos fundos vindos de Bruxelas», pelo que «aquelas previsões são duras e cruas para o caso de não haver nada que as atenue», acrescentou.

Do lado europeu, Marcelo prevê que venha a existir algo que faça com que as previsões do Conselho de Finanças Públicas seja menos gravosas. «Há duas coisas diferentes. Uma é o Conselho Europeu aprovar entre Junho e Julho um fundo de recuperação que se soma a outros fundos e isso dar para cada país e também para Portugal um conjunto de verbas muito significativo para os próximos anos. A segunda coisa – que soube hoje – é que o Banco Central Europeu [BCE] decidiu, num outro plano, injectar mais liquidez nos mercados financeiros, comprando dívida pública dos países e baixando as taxas de juro», esclareceu.

Para o Presidente, o somatório do que vier de Bruxelas e a intervenção diária do BCE, «indo até mais longe do que foi no período da troika», poderá vir a permitir «que os números finais não sejam tão brutais». No entanto, avisa, deve existir «uma utilização criteriosa dos fundos».

«Não podemos negar a gravidade da situação. Vai ser e já está a ser difícil cá e em outros países do mundo. O que pode acontecer é a União Europeia perceber que não devia cometer alguns erros que cometeu aquando da crise da troika: o primeiro, de achar que não era importante a questão da dívida pública e não exigir intervenções e outro erro de não querer comprometer-se com um financiamento massivo e por transferência e não por empréstimos de uma parte do dinheiro necessário para a recuperação económica», atirou o chefe de Estado, fazendo notar que há hoje sinais de «uma mudança de política».

Recorde-se que Portugal regista, pelo menos, 1.455 mortes associadas à Covid-19 e 33.592 infectados, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.

A 3 de Maio, Portugal entrou em situação de calamidade devido à pandemia, prolongada até 14 de Junho, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de Março.

De acordo com dados recolhidos pela agência de notícias “France-Presse”, já morreram cerca de 385.869 pessoas e há mais de 6.522.050 infectados em 196 países e territórios desde o início da epidemia, em Dezembro de 2019 na cidade chinesa de Wuhan.

*Notícia actualizada às 15:10

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