Recebeu esta carta? «Não é preciso ter medo. Desta vez não é das Finanças»
«Caro contribuinte. Não é preciso ter medo. Desta vez não é das Finanças», lê-se nas primeiras linhas de uma «carta» que o partido Iniciativa Liberal (IL) enviou a certa de 200 mil portugueses, avança o “Expresso”.
O facto de se estrear em eleições legislativas levou o líder do partido e cabeça de lista pelo círculo do Porto, Carlos Guimarães Pinto, a procurar formas de chamar atenção mediática para o IL. A mais recente simula uma carta enviada pela Autoridade Tributária, aqui chamada de Autoridade Extorsionária.
A quatro dias das eleições, a missiva prossegue com uma crítica ao sistema fiscal — «muitos portugueses vivem sob a opressão do Fisco» — a que se segue uma crítica ao Estado, que o partido quer encolher: «Muitos portugueses vivem sob o jugo de um Estado que demora meses a pagar as suas dívidas, mas que não hesita em usar métodos desproporcionais para cobrar as dívidas dos contribuintes», cita o semanário.
A «carta» prossegue com algumas das principais linhas programáticas do IL: «Defender os contribuintes da opressão do Fisco», »reduzir impostos» e «simplificar o sistema fiscal». E conclui: «Para que um dia receber uma carta das finanças não seja mais motivo de medo».
Rodrigo Saraiva, membro da Comissão Executiva do IL, explica ao “Expresso” que a acção custou cerca de um quinto do orçamento do partido para estas legislativas, ou seja, perto de 10 dos 50 mil euros disponíveis. Através de uma análise de dados, foram escolhidas entre seis e sete freguesias por cada um dos concelhos onde obtiveram melhores resultados nas eleições europeias. Lisboa e Porto apareceram à cabeça, ainda que das pouco mais de 200 mil cartas impressas, algumas tenham ido também para Cascais e Oeiras. «Como em todas as acções, recebemos sempre opiniões muito diversas. Mas a partilha orgânica nas redes sociais tem sido muito boa», afirma Rodrigo Saraiva.
Partido abdica da subvenção pública
A quatro dias das eleições, e a julgar pelas últimas sondagens, o partido apresenta boas hipóteses de eleger um deputado, de acordo com o “Expresso”. Se assim for, o IL promete abdicar da subvenção pública de campanha a que terá direito, que poderá ascender a mais de 150 mil euros anuais, dependendo do número de votos.
«É uma imoralidade que o Estado português tenha reservado mais de oito milhões de euros para pagar campanhas dos partidos políticos numa altura em que falta material básico nos hospitais e temos a maior carga fiscal de sempre. O roubo ao contribuinte é tão descarado que só há um caminho possível: não aceitar receber um euro de subvenção de campanha e lutar por mudar a lei», lê-se no comunicado enviado às redacções. Por isso, acrescenta o líder do partido: «Se viermos a eleger um deputado e, portanto, pudermos beneficiar de uma parte desses oito milhões, iremos rejeitar esse privilégio injustificado. Enquanto for presidente do partido Iniciativa Liberal não aceitaremos um euro de subvenção de campanha».