Reacções à estreia de Joacine? “Têm sido particularmente mordazes”

Joacine Moreira discursou pela primeira-vez no Parlamento ontem. Esta estreia foi uma das notícias do dia.

Esta quarta-feira, no Parlamento, Joacine Moreira questionou o primeiro-ministro sobre temas como a imigração, desigualdades e alterações climáticas. Pouco depois, a deputada do Livre publicou nas redes sociais aquilo a que se referiu como “um resumo da intervenção para facilitar algumas vidas”. Ter-se-á tratado de uma estratégia para facilitar a comunicação e evitar que sejam apontadas críticas relacionadas com a ineficácia da mensagem política, tendo em conta o problema de gaguez da deputada?

Quer o assessor da deputada quer a direcção do partido negam que se trate de uma estratégia para combater eventuais dificuldades em passar a mensagem. E não vai ser prática regular partilhar por escrito aquilo que a deputada diga. “Para nós é completamente indiferente que a Joacine seja gaga. Não nos preocupamos em criar uma estratégia para agilizar ou capitalizar o discurso. Foi eleita pelos portugueses e já gaguejava, não me parece que tenha havido problemas em passar a mensagem”, diz Rafael Martins, assessor da deputada, ao jornal Expresso.

Partilhar nas redes sociais, pouco depois da intervenção no Parlamento, o que Joacine disse é assumidamente “uma resposta ao ódio online. Sobretudo no Twitter, as reacções têm sido particularmente mordazes. Foi uma resposta a isso”, assegura Rafael Martins, salientando o poder das redes sociais e da linguagem dos memes na comunicação hoje em dia.
“Faríamos o mesmo com qualquer outro deputado ou deputada eleita pelo Livre. Não há qualquer relação com a gaguez da Joacine”, acrescenta ao Expresso Paulo Muacho, da direcção política do partido, explicando que criar conteúdos com vídeo e fotografia e excertos das intervenções da deputada na Assembleia da República ou de discursos seus feitos noutros contextos é algo que o partido vai continuar a fazer, porque “já se percebeu que se trata de uma estratégia de comunicação que resulta muito bem nas redes sociais”.

A única questão que se levanta com as intervenções de Joacine Moreira no Parlamento tem que ver com a questão do tempo. Para Paulo Muacho, a eficácia ou não da comunicação e da defesa de ideias e propostas não é algo que preocupe o dirigente político, uma vez que, “na prática, a mensagem passa perfeitamente”. “É uma questão de adaptação, de um esforço que todos devemos fazer. Não vemos isto como um problema.” Além disso, acrescenta Paulo Muacho, “o trabalho parlamentar vai muito além das intervenções no Parlamento”. E assim assumem que também não estejam planeadas estratégias específicas no sentido de contornar o problema de gaguez da deputada.

Foi assegurado em conferência de líderes que haveria tolerância da Mesa devido à gaguez severa da deputada -, Joacine Moreira teve assim uma intervenção de cinco minutos – sendo que aos deputados únicos são atribuídos  2 minutos e 30 segundos na primeira intervenção. Já durante a tarde, na sua segunda intervenção, a deputada do Livre apontou a igualdade como “objectivo número um”, manifestando a disponibilidade do partido em apoiar e incentivar todas as iniciativas nesse sentido.

 

 

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