Rasto de novos químicos a contaminar o ambiente levam até filial norte-americana da gigante belga
No início deste ano, investigadores federais e estatais relataram ter encontrado um novo produto químico potencialmente perigoso em amostras de solo de vários locais em Nova Jersey, nos Estados Unidos.
O composto era uma forma de PFAS – um grupo de mais de 5000 substâncias químicas, consideradas poluentes orgânicos persistentes, que suscitaram preocupações nos últimos anos devido à sua potencial ligação a atrasos de aprendizagem em crianças, cancro, bem como à sua tendência para perdurar muito tempo no meio ambiente.
Mas as novas revelações, relatadas na edição de Junho da revista Science, suscitaram preocupações entre os investigadores e grupos de defesa da qualidade da água também por outras razões. O relatório mostrou como é difícil para os reguladores rastrear e supervisionar estes novos compostos químicos.
Os autores do relatório da Science, da Agência de Protecção Ambiental e do Departamento de Protecção Ambiental de Nova Jersey (DEP) identificaram a fonte provável da contaminação: a fábrica Deptford Ocidental, Nova Jersey, da empresa Solvay Specialty Polymers USA – uma divisão da gigante química belga Solvay SA.
A Solvay, numa declaração à Consumer Reports (CR), nega ser a responsável, adianta o The Guardian.
Mas a empresa já foi citada pelo DEP antes por contaminação do solo e da água com um composto PFAS mais antigo, agora regulamentado.
A empresa tem utilizado uma substância diferente nas instalações, apesar de não ter implementado uma forma oficial de os reguladores ou investigadores independentes analisarem se o novo composto está presente no ambiente.
A CR procurou documentos e comunicações entre a Solvay e a agência relacionados com os produtos químicos identificados no estudo da Science, e recebeu mais de 240 páginas de registos que destacam a utilização pela empresa de um PFAS nas suas instalações.
Os registos esclareceram a luta que os reguladores em Nova Jersey enfrentam na identificação dos riscos ambientais colocados na fábrica da Solvay, bem como o debate entre ambas as partes sobre como remediar o composto substituto da empresa e limitar a utilização de novos tipos de PFAS no futuro.
O DEP de Nova Jersey diz à CR que acredita que a Solvay está a utilizar “um ou mais” dos compostos substitutos identificados no estudo da Science, nas instalações da empresa. Espera-se que os compostos de substituição tenham “toxicidade” e outras propriedades semelhantes aos compostos PFAS actualmente regulamentados, diz a agência. O DEP recusou-se a responder a perguntas sobre se os compostos de substituição da Solvay tinham sido detectados no abastecimento público de água.