Radiação em Chernobil é “três vezes maior” do que o esperado. Greenpeace acusa AIEA de “relutância” em avaliar impactos da ocupação russa

Uma equipa de investigadores da organização ambientalista internacional Greenpeace revelou esta quarta-feira que os níveis de radiação nas imediações da central nuclear desativada de Chernobil, na Ucrânia, são “três vezes maiores” do que as estimativas que foram avançadas pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) no final de abril.

A radiação foi detetada “em áreas onde decorreram operações miliares russas”, com a Greenpeace a acusar a Rússia de destruir laboratórios, bases de dados e sistemas de monitorização de radiação. “Isto inclui danos a equipamento laboratorial necessário para estudar o impacto da radiação nas pessoas e no ambiente, o que ameaça a segurança das gerações atuais e futuras”, escreve a organização em comunicado.

A investigação foi lançada pela Greenpeace depois de a organização ter acusado a AIEA de estar a ser constrangida pelos interesses da Rússia, denunciando que o número dois dessa instituição, Mikhail Chudakov, tem fortes ligações à agência russa de energia atómica, a Rosatom.

“A AIEA parece relutante em explicar a escala da ameaça radioativa em Chernobil e o impacto da ocupação russa”, salienta Shaun Burnie, especialista nuclear sénior da Greenpeace Alemanha.

Detalhando os resultados da nova investigação, outro dos cientistas, Jan Vande Putte, “medimos níveis de radiação gama dentro das trincheiras russas abandonadas”, explicando que “claramente o exército russo estava a operar num ambiente altamente radioativo, mas isso não é o que a AIEA está a comunicar”.

Vande Putte sublinha que “só podemos concluir que a AIEA, por alguma razão, decidiu não fazer o esforço para investigar totalmente”. E acrescenta: “É claro, a partir do nosso estudo, que não há nada de normal nos níveis de radiação dentro da Zona de Exclusão em Chernobil, apesar de a AIEA querer que o mundo acredite no contrário”.

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