Quem são e o que querem as XR Mothers portuguesas?

O movimento ambientalista Extinction Rebellion — ou XR Mothers – está a disseminar-se de forma rápida pelas mães de todo o planeta, incluindo as portuguesas. Mas, afinal, que grupo é este?

O XR foi criado em Outubro de 2018, inspirado por outro, também britânico: o Comité dos 100 que, nos anos 60, ocupou as ruas inglesas de forma pacífica, em protesto contra a proliferação do armamento nuclear. De acordo com dados enviados ao “Expresso” pelo quartel-general do movimento, em Londres, existem 485 grupos afiliados, num total de 473 cidades por todo o mundo. Em mais de 150 países, incluindo o Togo, Benin ou Paquistão, há, pelo menos, um activista.

João Reis, de 28 anos, destaca a ocupação à sede da CMTV, em Abril, à qual os activistas deram o nome de «Alerta Crime», uma frase que aparece no ecrã quando o canal passa reportagens relacionadas com o tema, como uma das principais acções. «O ambiente foi apenas um dos temas da campanha quando devia ser ‘o’ tema. O compromisso de Portugal em atingir neutralidade de carbono em 2050 é totalmente insuficiente. Tem de ser em 2030. Por isso não, não considero que haja vontade política», sentencia.

O episódio mais recente juntou uma centena de mães que saiu à rua, em Londres, para protestar contra o facto de a Google ter financiado negacionistas das alterações climáticas. «Tenho a certeza que os nossos filhos têm um futuro negro à frente se não agirmos, mas muitas crianças já estão a sofrer e isto só falando em países desenvolvidos: os fogos na Califórnia e os tsunamis no Japão são disso exemplo», disse ao “Expresso” Lorna Greenwood, mãe e ex-advogada de 32 anos que criou e gere o movimento ambientalista Extinction Rebellion — ou XR Mothers – que conta já com cerca de 300 mães no Reino Unido. «Peço às mães portuguesas que se unam a este movimento porque é uma imagem muito poderosa vermos um grupo de mulheres sem qualquer equipamento defensivo, sentadas apenas com os seus filhos, alguns com semanas, nos braços», apelou Lorna Greenwood.

Em Portugal, «nunca será intencionalmente violento», defendeu também um dos coordenadores da XR Portugal Noah Zino, estudante de 17 anos. O objectivo é «continuar com as acções disruptivas», como a ocupação da Avenida Almirante Reis, em Lisboa, no dia 27 de Setembro. Uma das características que definem o grupo, explica, é «a disponibilidade dos activistas para serem presos, ou para sofrerem alguns danos físicos durante as manifestações». «A XR é um movimento muito organizado, temos gente com formação internacional a ensinar técnicas de resistência, de defesa corporal, até de como nos posicionarmos para sermos transportados pela polícia sem nos magoarmos e sem lhes facilitar a vida», acrescenta.

Segundo a organização, mais de 1400 pessoas já terão sido detidas em protestos por todo o mundo: mil em apenas em uma semana, no início de Outubro deste ano, em Londres, quando o metro foi impedido de partir porque um activista da XR se colocou em cima de uma carruagem. «Não queremos prejudicar as pessoas mas temos de chamar a atenção para os culpados: as grandes empresas», explica o activista.

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