Quem era António de Ferreira Amorim? O último dos quatro irmãos mentores da Corticeira “era o que mais privava com os operários”

António de Ferreira Amorim, o último dos quatro irmãos mentores da Corticeira faleceu ontem, aos 95 anos. Depois de mais de sete décadas no grupo, deixou um legado que vai prevalecer no seio da Corticeira Amorim e junto dos trabalhadores da empresa.

Depois da morte de Américo Amorim, em 2017, José Ferreira Amorim em 2022, e de Joaquim Ferreira Amorim em 2023, o último irmão dos quatro mentores desta organização faleceu aos 95 anos.

António Ferreira de Amorim, o terceiro filho de Albertina e de Américo Alves Amorim, começou a trabalhar no grupo ainda na primeira metade do século XX. Corria o ano de 1949 e tinha acabado de fazer a tropa em Tavira, onde fora Cabo. Antes, com 14 anos, já tinha tido um primeiro contacto com o negócio familiar.

A empresa descreve que, dos quatro irmãos empenhados no desenvolvimento do grupo (José, António, Américo e Joaquim), “era o que mais privava com os operários, com quem convivia com elevado sentido de humanidade. Foi sempre um homem de ação, do terreno. Alguém habituado a ouvir e a falar. Alguém que gostava de sentir o pulso da empresa a partir de dentro”.

“Gostei sempre de trabalhar na fábrica; gosto do ambiente da fábrica, junto dos trabalhadores fabris”, dizia António de Ferreira Amorim, recordando que “acompanhava todas as cargas e descargas; antigamente, os fardos de cortiça e de aparas eram pesados um a um e tomava-se nota dos pesos. Quem vendia e quem comprava anotava os pesos fardo a fardo e só depois é que eram levados para os armazéns, ou então carregados para exportar por Vila Nova de Gaia, Matosinhos ou por Lisboa.”

Ao empresário cabia o dom da organização, rigor e eficácia que permitiu sempre, dentro das empresas, a paz e a tranquilidade social que acabariam, em certos momentos, por valer mais que do que toda a riqueza do mundo.

“Acho que fiz bem o meu papel; gostei do trabalho que fiz; estou sempre disponível para apoiar e dar a minha opinião aos mais novos e ensinar-lhes o “a; e; i; o; u”, porque eles saem da universidade com muitos conhecimentos, mas a cortiça é um material muito especial e particular. Os mais novos precisam de aprender e ouvir os mais velhos e dar a opinião deles”, disse o empresário quando ainda tinha 91 anos.

António de Ferreira Amorim assegurou ainda que “a nova geração está preparada; está bem servida; tem muita visão e capacidade de trabalho… Os novos gestores têm de ser sempre os melhores e não olhar a sacrifícios e dar o exemplo. O grupo tem tudo para dar certo. E vai dar!”

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