Queda do Muro de Berlim foi há 35 anos. Cidade acolhe celebrações com mil músicos e 4 km de cartazes

Cartazes históricos espalhados ao longo de quatro quilómetros e a criação do maior palco do mundo para receber mil músicos são os destaques dos festejos que comemoram, hoje, o 35.º aniversário da queda do Muro de Berlim.

Sob o lema “Segura a liberdade ao alto!”, o programa de festejos visa assinalar o dia em que se completam 35 anos desde o derrube deste muro, que dividia Berlim, a Alemanha e a Europa.

A peça central das celebrações é uma instalação ao ar livre e ao longo de quatro quilómetros do antigo percurso do muro, no centro da capital alemã, de milhares de cartazes históricos.

O destaque é ainda dado à criação de um palco gigantesco, no qual mil músicos vão tocar e percorrer o antigo caminho traçado pelo muro, criando um “Festival pela Liberdade”.

O programa será complementado por exposições especiais em pontos de destaque, um programa de palestras e vários concertos, com encerramento feito pelo grupo Pussy Riot, que ficou famoso pela oposição ao Presidente russo, Vladimir Putin.

As comemorações pretendem lembrar os festejos espontâneos registados em todo o mundo a seguir à queda do muro, em novembro de 1989, depois de quase três décadas a separar o Ocidente do Leste comunista.

O desmoronamento da barreira de betão, sempre percorrida por arame farpado, foi encarado como um triunfo da democracia e da liberdade.

O muro de Berlim teve as suas raízes no rescaldo da II Guerra Mundial, após a vitória dos Aliados sobre as forças nazis de Adolf Hitler.

Como três potências ocidentais (os Estados Unidos, o Reino Unido e a França) e a União Soviética ocuparam temporariamente a Alemanha, o país ficou dividido numa zona ocidental – administrada pelos aliados ocidentais – e numa zona de leste, administrada pela União Soviética.

Embora Berlim estivesse na zona de leste, estava igualmente dividida entre administradores ocidentais e soviéticos.

A partir de 1949, um grande número de alemães de leste começou a fugir para a Alemanha ocidental, enfraquecendo a economia da República Democrática Alemã (RDA, a Alemanha de leste) e a sua estabilidade política.

O governo da Alemanha de leste, apoiado pelos soviéticos, ergueu o Muro de Berlim em 1961, com torres de vigia ocupadas por soldados treinados para disparar antes e perguntar depois contra aqueles que tentavam atravessar a fronteira.

A parede, inicialmente construída com pedras locais e depois transformada numa divisão de betão que dividia a Europa à força, passou a simbolizar a tirania totalitária da União Soviética e a Guerra Fria entre grupos de países com ideologias muito diferentes.

A 12 de junho de 1987, já com a economia da União Soviética e dos seus países-satélite muito enfraquecida, o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, esteve a 91 metros do muro de Berlim e instou o então líder soviético Mikhail Gorbachev a “derrubar o muro!”.

O apelo acabou por concretizar-se a 9 de novembro de 1989, fruto de uma série de acasos e mal-entendidos.

Nesse dia, o porta-voz do partido comunista da Alemanha de Leste, Günter Schabowski, ia apresentar, em conferência de imprensa, a “lei da mobilidade”, que visava abrir as portas da Alemanha de Leste ao Ocidente, mas de forma moderada e muito restrita, para ajudar a Rússia a modernizar-se do ponto de vista financeiro e tecnológico.

Recebeu do dirigente Egon Kenz – que estava há pouco mais de um mês na liderança da RDA – duas folhas com as novas regras para os alemães de leste poderem vir à Europa, mas sem grandes especificações.

No final da conferência de imprensa, que estava a ser tão insípida como se pretendia, um jornalista perguntou quando é que a lei da mobilidade entrava em vigor, o que Schabowski ignorava. A sua célebre resposta – “imediatamente” – mudou tudo e, nessa mesma noite, o muro caiu.

O derrube mostrou a fraqueza do bloco de leste e acabou por ser precursora do desmoronamento de toda a União Soviética, em 1991.

Hoje, fragmentos do muro estão preservados na Alemanha e em muitos outros países, sendo o mais conhecido aquele que se encontra no Museu Nacional de Diplomacia Americana, nos Estados Unidos, assinado pela ex-chanceler alemã Angela Merkel, nascida e criada na antiga República Democrática Alemã.

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