Há 4 toneladas de ajuda humanitária em Portugal à espera de voo para Rio Grande do Sul: consulado brasileiro demarca-se

Há quatro toneladas de doações para o Rio Grande do Sul, que não têm meio de transporte. A tragédia que assolou a região, devido às cheias, mobilizou pessoas do mundo inteiro para fazer chegar ajuda ao Brasil mas o voo que estaria assegurado para realizar-se esta sexta-feira não se confirmou. O consulado do Brasil em Lisboa e Porto já negaram responsabilidades e demarcaram-se da iniciativa.

O movimento SOS RS em Portugal, lançado no passado dia 7, recolheu parte da mobilização solidária: de acordo com a organizadora, Camila Fernandes, o consulado do Brasil tinha garantido um avião fretado para enviar doações até à região afetada pelas cheias. Foram recolhidas quatro toneladas de bens, mas agora não há voo.

Camila Fernandes já garantiu de que a ajuda chegará ao Rio Grande do Sul. “No calor da emoção e em meio ao desespero de ter pessoas queridas envolvidas na tragédia, a Camila deixou-se levar e divulgou que o avião já tinha sido confirmado. Isso ainda não aconteceu, mas estamos, sim, em negociação”, pode ler-se numa nova publicação, que desta feita explica que “a iniciativa é privada e não tem qualquer envolvimento do Governo português”.

O Consulado do Brasil em Lisboa e no Porto já veio demarcar-se desta e de outras iniciativas, partilhando um esclarecimento onde diz não ter “qualquer relação com iniciativas pessoais referentes a doações de bens e valores aos afetados”.

Se pretender ajudar, saiba através deste link “as iniciativas seguras e verificadas”, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Brasil.

O número de mortos por causa das inundações no sul do Brasil, confirmados pelas autoridades, subiu para 108 e há 136 desaparecidos.

A Defesa Civil do estado do Rio Grande do Sul, o mais afetado pelas tempestades, informou que 107 pessoas morreram em ocorrências relacionadas com as fortes chuvas e que ainda investiga uma outra morte. Já as autoridades do estado de Santa Catarina confirmaram um óbito.

Segundo as autoridades do Rio Grande do Sul, há 136 pessoas desaparecidas e 374 pessoas feridas devido às inundações que afetam diretamente cerca de 1,5 milhões de pessoas e mais de 80% do território do estado.

Mais de 67 mil pessoas estão em abrigos criados para acolher a população retirada das áreas inundadas e de risco e há ainda 164.583 pessoas desalojadas.

Em 425 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul há registo de problemas relacionados com o maior desastre climático ocorrido neste estado brasileiro.

Centenas de policiais, bombeiros, soldados e voluntários continuam a trabalhar arduamente para resgatar as pessoas que ainda estão isoladas devido ao alto nível das águas e que começam a sofrer com a falta de alimentos.

Mais chuva nas últimas horas obrigou à suspensão dos trabalhos de resgate em Porto Alegre, capital regional do Rio Grande do Sul, onde ainda existem bairros completamente alagados e o principal aeroporto estará fechado pelo menos até ao final deste mês.

O forte temporal começou na segunda-feira da semana passada e continuou nos dias seguintes, causando grandes danos em estradas, pontes, residências e deixando grande parte da população gaúcha sem luz nem água potável.

Com 11 milhões de habitantes, o Rio Grande do Sul tem sido bastante afetado pelas mudanças climáticas. Depois de sofrer problemas com uma forte seca devido ao fenómeno La Niña, no ano passado a região passou a ser afetada pelo El Niño e registou, em menos de 12 meses, quatro desastres climáticos causados por ciclones extra tropicais e tempestades.

Em 2023, ocorreram três eventos, em junho, setembro e novembro, causando 75 mortos neste estado brasileiro.

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