Quanto ouro resta por extrair no mundo? A seguir passamos para a lua

Ainda no rescaldo de um mês em que o preço do ouro atingiu um recorde, ultrapassando os 2 mil dólares a onça, e apesar de já se assistir à espectável correção, com o valor a recuar na ordem dos 10%, já se levanta a questão do fornecimento do metal precioso e quando poderá acabar.

O ouro é muito procurado como investimento, símbolo de status e componente-chave em muitos produtos eletrônicos mas também é um recurso finito e, eventualmente, chegará a um estágio em que não haverá mais nada para ser extraído.

Com base no conceito de pico de ouro – altura em que foi extraído o máximo possível no ano, alguns especialistas acreditam que podemos já ter chegado a esse ponto.

A produção da mina de ouro totalizou 3.531 toneladas em 2019, 1% menor do que em 2018, de acordo com o World Gold Council. Este é o primeiro declínio anual na produção desde 2008.

“Embora o crescimento da oferta da mina possa desacelerar ou diminuir ligeiramente nos próximos anos, à medida que as reservas existentes se esgotam e novas descobertas se tornam cada vez mais raras, sugerir que a produção atingiu o pico ainda pode ser um pouco prematuro”, disse Hannah Brandstaetter, porta-voz para o Conselho Mundial do Ouro, citada pela ‘BBC’.

Mesmo quando acontece o pico do ouro, os especialistas dizem que nos anos imediatamente seguintes não é provável que haja uma queda dramática na produção. Em vez disso, pode assistir-se a um esgotamento gradual da produção ao longo de algumas décadas.

“A produção da mina se estabilizou e provavelmente está em uma trajetória descendente, mas não dramaticamente”, acrescenta Ross Norman, do MetalsDaily.com.

Quanto resta por extrair?

O volume das reservas de ouro pode ser calculado com mais precisão do que os recursos, embora ão seja uma tarefa fácil. O stock subterrâneo de reservas de ouro é atualmente estimado em cerca de 50.000 toneladas, de acordo com o US Geological Survey, sendo que cerca de 190.000 toneladas de ouro foram mineradas, no total.

Com base nesses números aproximados, há cerca de 20% ainda a ser minerado. Mas este é um alvo móvel. Novas tecnologias podem possibilitar a extração de algumas reservas conhecidas, atendendo a que as inovações mais recentes incluem big data, IA e mineração de dados inteligente, que podem otimizar processos e reduzir custos.

E também a robótica já está a ser usada em alguns locais, devendo tornar-se, cada vez mais, uma tecnologia padrão na exploração de minas.

No que concerne a fontes, a maior fonte única de ouro da história foi a Bacia Witwatersrand da África do Sul. Witwatersrand é responsável por cerca de 30% de todo o ouro já extraído.

Outras fontes importantes de ouro incluem a mina Mponeng extremamente profunda na África do Sul, as minas Super Pit e Newmont Boddington na Austrália, a mina Grasberg da Indonésia e minas em Nevada, EUA.

A China é atualmente o maior minerador de ouro do mundo, enquanto Canadá, Rússia e Peru também são grandes produtores.

Em termos de empresas, a Nevada Gold Mines de propriedade majoritária da Barrick Gold é o maior complexo de mineração de ouro do mundo, produzindo cerca de 3,5 milhões de onças por ano.

Embora ainda estejam a ser descobertas novas minas de ouro, os achados de grandes depósitos são cada vez mais raros, dizem os especialistas. Como resultado, a maior parte da produção de ouro atualmente vem de minas mais antigas que estão em uso há décadas.

A lua também é fonte

Embora o ouro no solo possa ser difícil de quantificar, não é a única fonte. Também há ouro na lua. No entanto, os custos associados à mineração e transporte de volta para a terra são significativamente maiores do que o valor do ouro.

“Embora exista, nunca seria economicamente significativo para explorá-la”, diz a especialista Sinead O’Sullivan. “Perderíamos uma quantidade infinitamente maior de dinheiro minerando-o do que ganharíamos a vedê-lo”, detalhou, à ‘BBC’

Da mesma forma, existem alguns depósitos de ouro conhecidos na Antártica que podem nunca ser viáveis para minerar, devido às condições climáticas extremas do continente.

 

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