Qual é o limite de calor para o ser humano? O que acontece ao corpo perante temperaturas extremas?

Sabe qual é o limite de calor que o corpo humano aguenta? De acordo com testes recentes, podemos suportar até 127°C durante 20 minutos, como havia sido citado pelo livro “A Vida no Limite – A Ciência da Sobrevivência”, da fisiologista britânica Frances Ashcroft.

Numa sauna, por exemplo, o termómetro chega aos 90°C, o que aumenta o risco de hipertermia – quando o corpo fica com uma temperatura mais elevado do que o normal. Mas as recentes vagas de calor têm levantado a questão: o que acontece ao corpo quando fica muito tempo exposto a altas temperaturas, acima dos 40°C?

Temperaturas perto dos 40°C, com elevada humidade relativa do ar, geram desconforto intenso e podem inviabilizar a prática de exercícios físicos de alta intensidade para a maioria das pessoas, uma vez que a humidade do ar reduz a perda de calor e aumenta a temperatura corporal – ou seja, o mecanismo de termorregulação, especialmente através do suor, não funciona como deveria.

À medida que o corpo fica mais quente, os vasos sanguíneos dilatam-se, o que leva a uma pressão arterial baixa e faz com que o coração trabalhe mais para conseguir empurrar o sangue através dos vasos sanguíneos.

Num primeiro momento, esse quadro pode causar sintomas leves, como irritação na pele ou pés inchados, pois os vasos sanguíneos tornam-se mais permeáveis. O corpo reage ao aumento da temperatura elevando o fluxo sanguíneo para a pele. Ou seja, transfere o calor de dentro do organismo para a superfície. Esse processo também está relacionado à produção acelerada de suor, que evapora e esfria o corpo.

Mas essa transpiração excessiva também leva à perda de líquidos e sais minerais, o que afeta o equilíbrio dessas substâncias. Esses fatores, combinados com a redução da pressão arterial, podem levar à exaustão pelo calor. Os sintomas incluem: Tontura; Náusea; Desmaio; Confusão; Câimbras; Dores de cabeça; Transpiração intensa e, por último, cansaço.

Se o corpo aquece e chega até os 39 ou 40°C, o cérebro alerta os músculos para baixarem o ritmo, sendo que se instala a fadiga. Entre 40 e 41°C, a exaustão pelo calor é provável — acima dos 41°C, o corpo começa a desligar.

Nesse estágio, os processos químicos são afetados, as células deterioram-se e existe o risco de falência múltipla de órgãos. A insolação — que pode ocorrer a qualquer temperatura acima dos 40°C — requer ajuda médica profissional e, se não for tratada imediatamente, as chances de sobrevivência podem ser pequenas.

Quem está em maior risco? Pessoas com mais de 60 anos ou portadores de algumas condições de longo prazo, como doenças cardíacas, podem diminuir a capacidade de lidar com a tensão que o calor coloca no corpo. Doenças como o diabetes podem fazer com que o corpo perca água mais rapidamente. Além disso, algumas complicações próprias dessa doença alteram os vasos sanguíneos e a capacidade de transpirar.

Crianças e indivíduos com dificuldades de locomoção também podem ser mais vulneráveis. Doenças cerebrais, como a demência, deixam as pessoas sem consciência sobre o calor de momento ou as tornam incapazes de fazer algo a respeito.

Dá para fazer exercício durante o calor extremo?

Sim mas a evitar em temperaturas extremas. Que não precisam de chegar a tanto, as recomendações são válidas a partir dos 30°C. É fundamental que os atletas que treinam em altas temperaturas mantenham-se hidratados e com roupas leves.

E o que deve fazer?

– Beber entre 400 a 800 ml de líquidos perto de três horas antes do exercício;
– Consumir 150 a 300ml de líquidos a cada 15 a 20 minutos de exercício;
– Assegurar a reidratação pós-esforço, bebendo em torno de 150% da perda de peso corporal, considerando-se que a perda de 1kg de peso corporal corresponde à necessidade de 1,5 litros de água reposto.

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