Quais são os instrumentos de política monetária do BCE, para além das taxas de juro?
O Banco Central Europeu usa a definição do valor das taxas de juro para garantir a estabilidade de preços. No entanto, está não é o único instrumento que lhe permite cumprir a sua missão.
No novo episódio do BdP Podcast, o organismo explica e dá a conhecer os restantes instrumentos de política monetária.
“Além de definir o nível das taxas de juro oficiais, o BCE pode ainda comprar ativos financeiros, emprestar dinheiro aos bancos em condições favoráveis, dar indicações sobre as suas intenções de política para o futuro e até criar novos instrumentos caso seja necessário”, começa por explicar o organismo.
Estas ferramentas são menos conhecidas e discutidas porque são mais utilizadas quando a margem de manobra para uso das taxas de juro é mais reduzida.
O BdP dá o exemplo de quando as taxas estão próximas de 0% e o BCE quer aumentar a inflação, para não ficar demasiado tempo abaixo do objetivo de 2%.
“Neste cenário, o BCE pode descer as taxas de juro para valores negativos, mas só até certo ponto. Se as taxas de depósito fossem muito negativas, os depositantes levantariam o dinheiro dos bancos. Noutras ocasiões, o BCE pode usar os instrumentos adicionais para que os mercados financeiros funcionem normalmente e a política monetária chegue a todos os que intervêm na economia em todos os países da área do euro.”
No que toca à escolha do instrumento mais adequado, o BCE analisa a situação económica, podendo até combinar mais do que uma ferramenta, ponderando os benefícios de cada uma e também os seus efeitos menos desejáveis.
Um exemplo desses instrumentos são os programas de compra de ativos financeiros, como títulos de dívida pública ou privada, que “permitem apoiar as condições de financiamento da economia, incluindo os Governos”. O BCE já recorreu ao Programa de Compra de Ativos, com início em 2015, e ao Programa de Compras devido à Emergência Pandémica, que foi criado em 2010 para fazer face à Covid-19.
A concessão de empréstimos aos bancos em condições favoráveis e com prazos mais alargados e taxas de juro mais atrativas é outra das ferramentas pois “apoia a concessão de crédito às famílias e às empresas”.
Por fim, o podcast fala nas indicações do BCE sobre as suas intenções de política para o futuro que “ajudam a perceber como é que o custo dos empréstimos deverá evoluir no futuro”, podendo esta informação ser considerada nas decisões tomadas diariamente. A primeira vez que o BCE usou este instrumento foi em 2013, quando o banco central previa que as taxas de juro se mantivessem iguais ou mais reduzidas durante muito tempo.