Plano de paz de Trump para a Ucrânia não vai ser bem recebido por Putin: magnata próximo do Kremlin explica condições para desviar mundo de uma possível guerra nuclear
Desde o triunfo de Donald Trump na corrida à Casa Branca, há uma promessa do republicano que tem causado bastante expectativa: acabar a guerra na Ucrânia em 24 horas. No entanto, segundo Konstantin Malofeyev, magnata das telecomunicações próximo de Moscovo, pode não correr exatamente como deseja o recém-eleito presidente dos EUA.
De acordo com o magnata russo, é claro o aviso: se Donald Trump não levar a Vladimir Putin preocupações renovadas com a segurança da Rússia, nada feito.
A promessa de Donald Trump de pôr fim à guerra da Rússia na Ucrânia está condenada ao fracasso se o presidente eleito dos EUA não envolver negociações mais amplas sobre as preocupações de segurança de Moscovo, alertou o influente membro da linha dura próximo do Kremlin.
Em entrevista ao ‘Financial Times’ Malofeyev – que enfrenta sanções ocidentais pela proximidade ao Kremlin – afirmou que o presidente russo deve mesmo recusar o plano de paz que Trump pode levar a Moscovo. “Keith Kellogg vem a Moscovo com o seu plano, vamos recebê-lo e depois vamos dizer-lhe que se vá lixar, porque não gostamos nada disto. Isso seria toda a negociação”, explicou o magnata. “Para que as conversações sejam construtivas, precisamos de falar não sobre o futuro da Ucrânia, mas sobre o futuro da Europa e do mundo”, indicando que um requisito imediato para a paz era o fim da autorização da utilização de armas de longe alcance em território russo.
Malofeyev, no entanto, defendeu que se os EUA não concordassem em reduzir o seu apoio à Ucrânia, a Rússia poderia disparar uma arma nuclear tática. “Haverá uma zona de radiação na qual nunca ninguém entrará durante a nossa vida”, disse. “E a guerra terminará.” “Queremos uma paz a longo prazo – algum tipo de acordo geral sobre a ordem global”, indicou Malofeyev. “Trump quer ficar para a história, em breve fará 80 anos, é avô. Putin também já não tem 50 anos. Será o legado que ambos nos deixarão.”
Do lado russo há ainda outra exigência esperada: Volodymyr Zelensky tem de sair da presidência da Ucrânia. Putin não esconde o desejo de ver em Kiev alguém pró-russo, à semelhança de até 2014. Só com esse cenário em cima da mesa é que o presidente russo estaria disponível “para discutir todos os assuntos da ordem global ao mais alto nível”. Até lá, avisou, o mundo vai estar “à beira de uma guerra nuclear” que o Kremlin diz ter ficado mais próxima desde que Biden deu autorização para o uso de mísseis de longo alcance na Rússia.