Putin oferece cessar-fogo na Ucrânia se Kiev desistir de Donetsk, Lugansk, Zaporizhia e Kherson

Vladimir Putin, está pronto para interromper a guerra na Ucrânia com um cessar-fogo negociado que reconheça as atuais linhas do campo de batalha, indica esta sexta-feira a agência ‘Reuters’, salientando que o presidente russo está preparado para continuar a lutar se não tiver resposta de Kiev e do Ocidente.

De acordo com a agência noticiosa, três fontes familiarizadas com as discussões no círculo próximo de Putin, salientaram que o líder russo já expressou a frustração a um pequeno grupo de conselheiros sobre o que vê como tentativas do Ocidente de impedir as negociações e a influenciar Volodymyr Zelensky de descartar as negociações.

“Putin pode lutar o tempo que for necessário, mas Putin também está pronto para um cessar-fogo – para congelar a guerra”, refere outra fonte próxima do presidente russo.

O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, reagiu, salientando que o chefe do Kremlin deixou repetidamente claro que a Rússia estava aberta ao diálogo para alcançar os seus objetivos, dizendo que o país não queria uma “guerra eterna”.

Segundo a publicação, Putin preferiria aproveitar o atual ímpeto da Rússia para deixar a guerra para trás: ou sejam o presidente russo tem a opinião de que os ganhos na guerra até agora eram suficientes para vender uma vitória ao povo russo.

A ‘Reuters’ salienta que Putin entende que quaisquer novos avanços exigiriam outra mobilização nacional, o que não queria, até porque a sua popularidade caiu após a primeira mobilização em setembro de 2022, que assustou parte da população da Rússia, o que fez com que centenas de milhares de homens em idade militar tivessem abandonado o país.

Segundo uma fonte, não é possível um acordo enquanto Zelensky estivesse na presidência ucraniana, exceto se a Rússia o ignorasse e abrisse negociações com os Estados Unidos – no entanto, Antony Blinken, secretário de Estado americano, durante a recente visita a Kiev, salientou que não acreditava que Putin estivesse interessado em negociações sérias.

O Kremlin não comenta o progresso do que chama de operação militar especial na Ucrânia, mas afirmou repetidamente que Moscovo está aberto à ideia de conversações baseadas nas “novas realidades no terreno”. Em resposta, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA reforça que qualquer iniciativa em prol da paz deve respeitar a “integridade territorial da Ucrânia, dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”, descrevendo a Rússia como o único obstáculo à paz na Ucrânia. “O Kremlin ainda não demonstrou qualquer interesse significativo em acabar com a sua guerra, muito pelo contrário”, diz o porta-voz.

A insistência de Putin em garantir quaisquer ganhos no campo de batalha num acordo não é negociável, garantiram todas as fontes: no entanto, o presidente russo está pronto para se contentar com as terras que possui agora e congelar o conflito nas atuais linhas de frente. “Putin dirá que ganhámos, que a NATO nos atacou e mantivemos a nossa soberania, que temos um corredor terrestre para a Crimeia, o que é verdade”, salienta uma das fontes.

Congelar o conflito nos moldes atuais deixaria a Rússia na posse de pedaços substanciais de quatro regiões ucranianas que incorporou formalmente em setembro de 2022, mas sem controlo total de nenhuma delas. Tal acordo ficaria aquém dos objetivos que Moscovo estabeleceu para si na altura, quando afirmou que as quatro regiões da Ucrânia – Donetsk, Luhansk, Zaporizhia e Kherson – agora lhe pertenciam na sua totalidade.

Outro fator que influencia a opinião do chefe do Kremlin de que a guerra deve terminar é que quanto mais se arrasta, mais veteranos endurecidos pela batalha regressam à Rússia, insatisfeitos com as perspetivas de emprego e rendimento do pós-guerra, criando potencialmente tensões na sociedade

Em fevereiro último, três fontes russas disseram à ‘Reuters’ que os Estados Unidos rejeitaram uma sugestão anterior de Putin de um cessar-fogo para congelar a guerra.
Na ausência de um cessar-fogo, Putin quer tomar o máximo de território possível para aumentar a pressão sobre a Ucrânia, ao mesmo tempo que procura explorar oportunidades inesperadas para adquirir mais território, disseram três das fontes.

“Putin conquistará territórios lentamente até que Zelensky apresente uma oferta para parar”, garante a fonte, salientando o líder russo expressou a opinião de assessores de que o Ocidente não forneceria armas suficientes, minando o moral da Ucrânia.

Por último, todas as cinco fontes garantiram que Putin disse aos conselheiros que não tinha planos para o território da NATO, refletindo os seus comentários públicos sobre o assunto.

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