PRR: Sermec aguarda verbas para poder construir protótipo do comboio português

A Sermec, empresa líder do consórcio que está a construir o protótipo do comboio português, aguarda as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para poder prosseguir o projeto, disse hoje à Lusa o presidente executivo.

“Estamos mesmo na implementação da produção e só não avançamos mais porque realmente ainda não recebemos nenhum valor. Como ainda não recebemos nenhum valor, torna-se um bocado difícil para nós e, se calhar, para uma grande parte das empresas portuguesas, porque não temos capacidade financeira para abarcar com uma situação destas”, disse à Lusa Mário Duarte, presidente executivo da Sermec, por telefone.

Segundo o responsável da empresa sediada na Maia (distrito do Porto), “a parte burocrática já está toda assinada”, relativamente ao consórcio liderado pela Sermec, que faz parte das agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com um valor total de cerca de 70 milhões de euros.

À Lusa, Mário Duarte revelou que, neste momento, o projeto que se iniciou em janeitro de 2022 vai nos 13% de execução, tendo atualmente 12 pessoas a trabalhar nele.

A conceção está “praticamente feita” e o que falta é “fazer alguns investimentos a nível de equipamentos, como é o caso das máquinas de soldadura por pontos”.

“Tudo o resto dos equipamentos que nós necessitávamos já os adquirimos. Aliás, alguns já chegaram, já os temos a trabalhar noutra área, porque, como esta área está um pouco atrasada, os fundos ainda não foram disponibilizados e nós temos que viver”, disse à Lusa.

Quanto ao veículo a construir, constituído por três carruagens, “vai buscar muito aquela velha guarda da Sorefame”, a empresa sediada na Amadora (distrito de Lisboa) construtora de material ferroviário português no século XX.

“A ideia é fazer uma conceção e fabrico de uma caixa em aço inox, por ser resistente. Não é bem uma inovação, mas trata-se de trazer para Portugal um conceito de uma estrutura de grande resistência”, detalhou.

Tendo já dito em agosto de 2022 que o protótipo seria constituído por três carruagens, a piloto será “de primeira classe, que vai ter um motor elétrico e vai atingir entre 200 a 220 km/h” referiu, lembrando que o protótipo permitirá o ‘push-pull’, uma tecnologia que consiste numa carruagem ter lugar de maquinista numa das pontas.

Segundo Mário Duarte, a incorporação de material feito em Portugal chegará aos 85% em todo o protótipo, que tem de estar concluído no final de 2025, uma data que está a “pôr todos muito nervosos”, antecipando que a empresa tenha de “trabalhar por turnos” para cumprir os prazos.

Além da Sermec, participam no consórcio a CP – Comboios de Portugal, a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), a Busrail, o Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM), a Fibrauto, o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica de Engenharia Industrial (INEGI), a Nomad Tech, a New Sign Solutions, a Plataforma Ferroviária Portuguesa, a Phyxius Holding, a Sunviauto e a Universidade do Porto.

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