Próxima semana à lupa: Principais indicadores vão chegar da China, EUA e Alemanha
A volatilidade está de volta aos mercados. Apesar do “All in” da FED que anunciou que pretende aumentar o programa de compra de dívida para suportar a economia, o mercado acionista registou fortes correções em vários dias desta semana. Com os ativos de risco em máximos de várias semanas, e com dados económicos que não suportam esta euforia, apenas o apoio dos bancos centrais e governos poderá não ser suficiente para aguentar os índices nestes níveis.
Isto deixa os investidores em estado de alerta: vamos ter uma segunda vaga de quedas no mercado ou estamos apenas perante uma pequena correção depois de uma recuperação forte e rápida desde os mínimos relativos de final de março?
Em agenda temos dados de primeira linha que poderão dar-nos uma melhor ideia do que esperar nas próximas semanas. Destaco três dos principais eventos a ter em conta:
Produção Industrial na China, segunda-feira, 3:00 GMT – A expetativa é de que mostre uma aceleração. Este indicador, que chegou a registar -13,5% em março, deverá registar pela terceira vez consecutiva uma aceleração para valores perto do que registou no período pré-Covid. A confirmar-se esta tendência, será positivo para o sentimento dos investidores. O facto de estes dados serem divulgados de madrugada significa que o maior impacto será sentido no mercado asiático, mas pode igualmente resultar de aberturas em GAP na Europa, dependendo do registo. A tendência do mercado asiático deverá ter seguimento na sessão europeia, uma vez que não existem dados de primeira linha na Europa na segunda-feira.
Vendas a Retalho, terça-feira, 13:30 GMT – No que diz respeito aos EUA, a atenção dos investidores irá para os dados das vendas a retalho. O último registo foi de -16.4% e o valor “core” foi -17,2%. A expetativa é de que os dados sejam positivos em 5% e 7% respetivamente, fator que poderá reforçar uma recuperação em curso. A postura agressiva da Fed tem permitido ao mercado absorver o impacto dos últimos dados negativos na economia norte-americana, fator que nos deixa com a impressão de que o maior impacto seria se os dados saíssem melhor do que o esperado.
Sentimento económico ZEW, terça-feira 10:00 GMT – Na Europa, o calendário económico é relativamente calmo, apesar das movimentações políticas em particular no Eurogrupo. O ZEW, que mede o sentimento económico, será um dos pontos fortes da semana. Depois de um registo negativo de -49,5 em março, o mercado espera agora o melhor registo desde 2015; isto é significativo pois reflete um otimismo exagerado quanto à capacidade de superar a crise rapidamente. Como catalisador do crescimento na zona Euro, a Alemanha está a mostrar grande coesão e ambição interna, fator que justifica em parte esta euforia. Deverá, no entanto, ficar registado que o escrutínio será igualmente forte, e nesse momento é bom que os dados suportem o sentimento positivo, caso contrário o impacto pode ser enorme.
Em zona de máximos, índices como o Nasdaq estão caros e terão mais dificuldade em encontrar compradores. Para além disso, quem comprou em abril ou maio poderá querer realizar mais-valias e ajustar os portfólios em antecipação aos meses teoricamente mais calmos de julho e agosto. Vários dias negativos durante esta semana deixaram os investidores em alerta, e a forma como corrigiram foi impulsiva, o que deixa grande curiosidade sobre a evolução dos índices na próxima semana. Com a volatilidade a aumentar, mais dias negativos podem estar no horizonte para a próxima semana.
#Eduardo Silva, Analista XTB