Próxima semana à lupa: Dos mercados à economia – e outras coisas que precisa de saber

As taxas de mercado têm vindo a baixar drasticamente após o número do IPC dos EUA. A correção do mercado até agora assemelha-se ao movimento deste verão. Os 0,2% mais baixos do que o esperado, no que respeita ao aumento mensal dos preços, reacenderam as esperanças de que a inflação era afinal transitória, e reacendeu a teoria do pivot, ou seja, de que o Fed poderia em breve voltar a reduzir as taxas em vez de as aumentar. Não temos assim tanta certeza. Enquanto os preços dos bens têm tendência para baixar, a inflação dos serviços ainda está a aumentar. Os preços mais baixos de mercadorias e transporte combinados com o regresso a um padrão de despesa mais “normal”, com maior ênfase no consumo de serviços, levou à queda dos preços dos bens durante todo o ano, e é provável que esta tendência se mantenha. Mas, mesmo com um crescimento negativo dos preços dos bens, a inflação combinada não voltará aos 2%, a menos que a inflação dos serviços, que constitui ¾ do total, comece a descer a sério. O custo do serviço é principalmente sobre salários, e com um mercado de trabalho ainda historicamente forte, as perspetivas de preços mais baixos não parecem muito otimistas.

A semana que vem

 

Minutas da Fed e do BCE

Com uma perspetiva ainda positiva para as despesas de consumo e com empresas que não procuram poupar custos, há pouca esperança de reduzir as contratações aos níveis necessários para equilibrar o mercado de trabalho e fazer baixar os salários a um nível consistente com uma inflação global de 2%. Por conseguinte, ainda acreditamos que a Fed tem mais trabalho a fazer, e é isso que deve constar das minutas que serão divulgadas na próxima quarta-feira:  aumentar ainda mais as taxas e mantê-las lá por um período mais longo ajudará a proporcionar custos mais elevados da dívida em toda a economia, levando, espera-se, ao necessário declínio das despesas. A esperança do mercado de uma rápida reviravolta na política da Fed, com cortes nas taxas já no final do próximo Verão, acreditamos que se baseia em falsas premissas.

Já na quinta-feira saem as minutas do BCE. Os dados da inflação na zona euro saíram, esta semana, em linha com as expectativas dos analistas, mas a probabilidade de uma subida de 75 pb da taxa na reunião de dezembro, tem vindo a diminuir no mercado de swaps e cifra-se neste momento nos 25%. A Bloomberg avança que os membros do BCE estão a discutir uma subida de 50 pb em dezembro em vez de uma subida de 75 pb. No entanto, o relatório afirma que a subida da taxa de 75 pb ainda está em cima da mesa caso a inflação continua a subir. Será importante os traders avaliarem o que dizem as minutas da última reunião.

 

Reunião do RBNZ

A reunião do Banco Central da Nova Zelândia terá lugar na próxima quarta-feira de madrugada. Na reunião de outubro, o RBNZ subiu as taxas em 50bp para 3,50%, e afirmou que “as condições monetárias necessárias para continuar a apertar” até que o Comité de Política Monetária esteja “confiante de que existe suficiente contenção nos gastos para trazer a inflação de volta para a sua meta de 1-3% por ano”. Desde a reunião de outubro, foram divulgados dados macro referentes ao terceiro trimestre, e que argumentaram inequivocamente a favor de um aperto adicional. A inflação (7,2% numa base anual) mostrou-se muito mais resistente do que o previsto, o desemprego permaneceu baixo (3,3%) e o crescimento dos salários acelerou (2,6% numa base trimestral). Isto levou os mercados a considerar uma subida mais agressiva de 75bp em Novembro como opção. Na nossa opinião, outro aumento de 50bp parece mais provável, especialmente se considerarmos a correção em curso no mercado imobiliário e um ambiente externo desafiante: os preços dos lacticínios, a procura global e as perspetivas económicas chinesas que se têm deteriorado ultimamente.

 

Nuno Mello

Analista XTB

 

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