Próxima semana à lupa: Dos mercados à economia – e outras coisas que precisa de saber
Do calendário económico ao que vai mexer com os mercados na próxima semana. Saiba o que vai estar na agenda nacional e internacional.
Por Nuno Mello, analista XTB
A semana em resumo
Na semana que vem, e como é habitual na primeira sexta-feira de cada mês, será divulgado um dos indicadores a que o mercado presta mais atenção: os non farm payrolls. Trata-se dum indicador mensal publicado pelo Bureau of Labor Statistics e que nos dá o número de pessoas empregadas no mês anterior, excluindo o setor agrícola. No contexto atual, torna-se ainda mais importante porque o consumo está diretamente relacionado com a criação de emprego.
Na Europa os governos começam a desconfinar gradualmente e os atrasos na distribuição das vacinas têm impacto na reabertura das economias.
Inflação
No dia 12 de fevereiro, a expectativa de inflação a 1 ano da Universidade de Michigan foi de 3,3% face aos 3,0% em janeiro. Há duas semanas atrás o PPI dos EUA e do Reino Unido foram mais fortes do que o esperado (o core PPI dos EUA foi de 2%!). A inflação da Suécia subiu de 0,5% para 1,7% em termos anuais! A componente de preços do US Philly Fed Manufacturing Index para fevereiro foi de 54,4 contra os 45,4 registados no mês anterior e a componente de preços do setor do IHS Markit US Manufacturing PMI dos EUA foi 73,3, o maior desde abril de 2011!
As matérias-primas não param de subir. A platina negoceia no nível mais alto desde 2014. O cobre e o minério de ferro estão nos níveis mais altos desde 2011. O petróleo está em máximos pós-pandémicos. A soja subiu mais de 50% e o milho mais de 90% no ano passado. As yields das obrigações do tesouro americanas a 10 anos estão em máximos pós-pandémicos (atingiram os 1,47% no dia de hoje, o que compara com os 1,568% antes da pandemia, há um ano atrás). Já para não falar do mercado de ações que se encontram em máximos históricos e do preço da bitcoin.
Os dados da inflação das últimas semanas têm saído fortes. No entanto, os vários Bancos Centrais continuam a reiterar que não é motivo de preocupação, com o Presidente da Fed a dizer que mesmo que a inflação ultrapasse os 2% irá manter a política monetária acomodativa por um período prolongado de tempo.
Desconfinamento
As últimas semanas têm vindo a revelar-se mais animadoras e tem-se verificado uma redução significativa no número de novos casos de infeção em todo o mundo, sinalizando um melhor controlo da pandemia e boas perspetivas em direção a uma recuperação mais rápida e ao retomar da normalidade. Com o apoio do programa de vacinação em curso, vários países já estão a considerar começar a tomar medidas de desconfinamento para que o regresso à normalidade se faça gradualmente a partir do início do mês de março. A maior parte dos países começam o desconfinamento pelas creches, pré-escolar e primeiro ciclo, pelo normal funcionamento dos serviços públicos (mediante marcação), lojas e comércio de rua de pequena dimensão, onde se incluem os cabeleireiros e estéticas, possibilidade de fazer desporto ao ar livre, etc. O desconfinamento gradual poderá prolongar-se em muitos países até ao final de junho.
Vacinas e variantes
Os atrasos na distribuição das vacinas continuam a condicionar a tão esperada imunidade de grupo. Quanto tempo vai demorar para vacinar toda a gente? Quando é que as pessoas podem esperar voltar à normalidade? Estas são algumas das perguntas que se impõem. Alguns países como os EUA, Israel e Reino Unido estão a fazer um excelente na vacinação da população enquanto outros, como Portugal, ainda nem 5% do total da população conseguiram vacinar. Outro fator importante são as variantes do vírus. Não se tem conhecimento suficiente para saber se as vacinas têm eficácia contra as variantes do coronavírus. A AstraZeneca já veio dizer que a sua vacina não tem uma taxa de eficácia elevada em relação à variante sul-africana. Ainda não se sabe como é que as vacinas se comportarão face às variantes do Reino Unido e do Brasil.
Estímulos
O Congresso dos Estados Unidos continua de volta do pacote de estímulos no valor de US $1,9 triliões há mais de um mês. A líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, disse que queria que o pacote fosse aprovado “até ao final do mês” (fevereiro), estando a votação da Câmara prevista para o dia 26 de fevereiro (dia em que está a ser escrita esta rubrica). No entanto, o senador Schumer disse que espera que o projeto seja aprovado até que os atuais benefícios federais de desemprego expirem, no dia 14 de março. Entretanto, Biden já está a trabalhar no seu novo pacote no campo das infraestruturas. É importante realçar que Larry Summers, ex-secretário do Tesouro, disse que está preocupado com o facto do novo plano de estímulo de Biden poder causar inflação, situação que já foi descartada por Powell.
Resultados Empresariais
Na primeira semana de março várias empresas irão apresentar resultados, mas são sobretudo empresas de pequena e média capitalização pelo que o impacto não será sentido nos principais índices. No entanto, existem alguns nomes mais sonantes como a Merck, a Zoom e a London Stock Exchange (LSE).
Calendário Económico
Segunda-feira (01/03)
- China: PMI de Manufatura (Fev.)
- Zona Euro: PMI de Manufatura (Fev.)
- UK: PMI de Manufatura (Fev.)
- EUA: PMI de Manufatura e PMI Industrial (Fev.)
- EUA: Índices de Manufatura, Emprego e Novas Ordens do ISM (Fev.)
Terça-feira (02/03)
- Austrália: Decisão de taxa de juro RBA
- Canadá: PIB 4T
Quarta-feira (03/03)
- Austrália: PIB 4T
- EUA: Relatório de emprego do ADP
- EUA: índice ISM não industrial, índice de emprego e de preços do ISM não industriais (Fev.)
Quinta-feira (04/03)
- EUA: Pedidos semanais de subsídio de desemprego
- EUA: Encomendas de bens duráveis (Jan.)
Sexta-feira (05/03)
- EUA: Taxa de desemprego (Fev.)
- EUA: Variação de emprego não agrícola (Fev.)
- Canadá: PMI (Fev.)