Próxima semana à lupa: Dos mercados à economia – e outras coisas que precisa de saber

Tal como esperado, os dados dos países europeus mostram aumentos fortes m/m nas vendas a retalho (Alemanha + 4,2%, França + 10,4%) em maio. Ficaremos a conhecer as vendas a retalho na zona euro na terça-feira, depois dos fracos dados registados em abril. Os dados de mobilidade das pessoas, fornecidos pelo Google, também indicam que esta tendência positiva continuou durante o mês de junho.

Nos EUA, e após os dados da variação de emprego não agrícola que serão conhecidos no dia de hoje, irão ser divulgados os números das ofertas de trabalho da JOLTS na próxima semana (quarta-feira). Em abril, as ofertas de emprego aumentaram para 9,3 milhões, ou seja, há mais oferta do que os 8 milhões necessários para que o número de empregados volte ao nível anterior à pandemia. A oferta de trabalho não é o problema, é o lado da procura que está a travar o mercado de trabalho, com os americanos a continuarem a preferir receber os subsídios de desemprego do governo, do que começarem a procurar ativamente trabalho. Além disso, a taxa de demissões (a proporção de empregados que abandonaram voluntariamente os seus empregos atuais) atingiu um máximo histórico, o que historicamente tem sido um indicador que antecede aumentos salariais. Como consequência, começam a surgir pressões inflacionistas sobre os salários, podendo reforçar a tese de que a inflação deverá manter-se elevada por um longo período de tempo. Também teremos o ISM de serviços na terça-feira, onde os dados da Markit indicam uma queda em relação à leitura bastante elevada registada em maio de 64,0.

Ainda nos EUA, e na quarta-feira, as minutas da FOMC podem incluir mais algumas pistas sobre as discussões, iniciadas recentemente, relativas ao tapering, e se o aumento no gráfico do dot plot para 2022 e 2023 também teve algum impacto nas discussões mais gerais.

Na sexta-feira, e depois da desvalorização do dólar do Canadá a que temos assistido nas últimas 3 semanas, motivada entre outras coisas pela forte queda das vendas a retalho (os gastos do consumidor caíram -5,7% no mês de abril e caíram -7,2% se excluirmos o setor automóvel), os investidores deverão estar atentos aos dados do mercado laboral. A variação de emprego tem estado em queda nos últimos dois meses, esperando-se para junho uma nova queda no número de empregados.

Nuno Mello, Analista XTB

 

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