”Próspera Lisboa” atrai cada vez mais milionários estrangeiros. Influxo de riqueza está a transformar a capital

Incentivos fiscais, vistos gold e praias ensolaradas têm atraído milionários estrangeiros para Portugal, transformando a paisagem económica e social da capital. A “próspera Lisboa”, como apelida a ‘Bloomberg’, que antes oferecia refeições a preços acessíveis, agora vê uma proliferação de restaurantes de alta gastronomia e um aumento significativo no custo de vida.

Bruno de Carvalho, CEO of Edmond de Rothschild Portugal, testemunhou a transformação de Lisboa. O restaurante simples onde costumava pagar 8 euros por uma refeição foi substituído por um sofisticado estabelecimento de tapas e ceviche, onde um menu degustação custa quase 10 vezes mais.

Esta mudança reflete a chegada de estrangeiros ricos atraídos pelo clima ameno, incentivos fiscais e o programa de vistos gold, que, apesar de algumas restrições recentes, continua a atrair expatriados.

A entrada desses milionários tem intensificado a competição entre bancos privados. Este ano, a Indosuez Wealth Management do Credit Agricole e a Union Bancaire Privée abriram escritórios em Lisboa, com o Julius Baer Group a planear seguir o exemplo no próximo ano. Estes bancos juntam-se a instituições como Edmond de Rothschild, competindo por uma fatia do mercado de gestão de fortunas que está em crescimento.

A consultora de imigração Henley & Partners estima que se mudaram para Portugal mais de 800 indivíduos com elevado património líquido em 2023, fazendo do país um dos 10 principais destinos para milionários migrantes. O número de residentes estrangeiros aumentou 33% no ano passado, chegando a um recorde de 1 milhão, representando cerca de 10% da população do país, revela a mesma fonte.

A entrada de capital estrangeiro tem transformado Lisboa num dos mercados imobiliários mais quentes da Europa, mas também está a afastar moradores locais do centro da cidade. Relatórios indicam que os estrangeiros estão dispostos a pagar mais do que o dobro dos preços oferecidos por compradores nacionais. A procura por habitação e serviços exclusivos cresceu, com listas de espera em escolas internacionais e reservas em restaurantes de luxo a tornarem-se algo comum.

Apesar das mudanças nos programas de incentivos, como a eliminação do programa de residentes não habituais e restrições aos vistos gold, a maioria dos banqueiros privados acredita que Portugal continuará a atrair estrangeiros ricos.

Bruno de Carvalho reflete sobre a evolução de Lisboa: “O país internacionalizou-se. Não há como voltar atrás.” O influxo de riqueza está a reformular a cidade, criando novas oportunidades.

 

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