Projeto da Endesa para Alto Rabagão combina solar flutuante com eólica e baterias, diz CEO

O projeto da Endesa que venceu o leilão de energia solar fotovoltaica flutuante na albufeira do Alto Rabagão, em Montalegre, prevê uma combinação de painéis solares, eólicas e baterias, o que permite “mitigar a volatilidade” das renováveis.

“No caso do Alto Rabagão, estavam a concurso 42,5 MW [Megawatt] de capacidade de ligação, mas tenho mais 48 MW de eólica e 16 MW de baterias, associado. Só solicito e ocupo a ligação à rede em 42 MW”, adiantou o presidente executivo (CEO) da Endesa Portugal, defendendo que assim consegue “mitigar a volatilidade atribuída às energias renováveis”.

“Ao misturar e ao fazer esta combinação, consigo uma disponibilidade muito mais elevada. Não estou exposto só ao ciclo do solar ou só ao vento. Tenho com as baterias capacidade de acumulação – isso mesmo para o sistema elétrico é muito favorável –, porque me dá uma fiabilidade de entrega de eletricidade superior a 60% do tempo”, disse aos jornalistas à margem da conferência “A Energia no novo mapa geopolítico”, promovida pela agência Lusa, em Lisboa.

Segundo a empresa, o projeto naquela barragem vai envolver um investimento de cerca de 115 milhões de euros e deverá entrar em funcionamento em 2026.

“Posso com esta combinação funcionar como uma central despachável durante mais de 60% do tempo e mitigar a volatilidade atribuída às energias renováveis”, acrescentou o responsável.

Nuno Ribeiro da Silva adiantou que a empresa que lidera se candidatou a mais dois lotes a concurso no leilão solar flutuante, que decorreu esta segunda-feira, em que foram adjudicados seis dos sete lotes a concurso à EDP, Endesa, Finerge e Voltalia.

De fora ficou Castelo de Bode, para o qual é requerida uma oferta melhorada.

O Governo decidiu leiloar a exploração de 263 megawatts (MW) de energia solar em sete barragens do país, tendo adjudicado um total de 183 MW, segundo avançou o Ministério do Ambiente e da Ação Climática.

A EDP, através da subsidiária EDP Renováveis, obteve o direito de ligação à rede de eletricidade para uma capacidade de 70 MW em Alqueva (dos 100 que estavam a concurso).

Por sua vez, a Finerge, produtora de energia renovável, venceu três lotes no leilão, que correspondem às albufeiras de Paradela (13 MW), Salamonde (8 MW) e Vilar-Tabuaço (17 MW), num total de 38 MW.

A Voltalia, conforme noticiou hoje o Público, ficou com o lote do Cabril (33 MW), perfazendo assim os 183 MW atribuídos no leilão.

Por adjudicar ficou o lote em Castelo de Bode, que tem uma capacidade de receção de 50 MW.

O Ministério do Ambiente e da Ação Climática precisou, em comunicado, que este lote teve um único licitante, sendo que o concorrente tem cinco dias úteis para fazer uma oferta melhorada.

No documento hoje divulgado, o Governo afirmou que o leilão foi “um sucesso”, atingindo o preço mais baixo da energia mundial, com ganhos para os consumidores de 7,6 milhões de euros anuais.

O Ministério do Ambiente ressalvou que estes resultados são preliminares e que se encontram em período de audiência prévia, podendo ainda ser acrescido o lote de Castelo de Bode, do concorrente único.

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