Programa Metamorfose para empresas: “Superámos as expectativas que tínhamos”, diz Secretário-Geral da Associação BRP
A Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP) apresentou em setembro o programa Metamorfose, em parceria com o Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), uma iniciativa de ‘corporate governance’ que pretende apoiar mais de 50 mil empresas.
Foi apresentado um programa composto “por três ferramentas práticas e evolutivas – um guia de boas práticas, um ‘scoring’ e uma bolsa de conselheiros” e “espera atingir mais de 50.000 empresas que, conseguindo ganhar escala, poderão contribuir para o desenvolvimento social do país”, de acordo com um comunicado hoje divulgado.
Mais de um mês após o lançamento do programa, a ‘Executive Digest’ falou com Pedro Ginjeira do Nascimento, Secretário-Geral da Associação Business Roundtable Portugal, para fazer um primeiro balanço, assim como falar das perspetivas para o ano de 2023.
Como correu o lançamento e o primeiro mês?
Diria que correu muito bem, superando até as expectativas que o nosso parceiro, o IPCG – Instituto Português de Corporate Governance, tinha. A apresentação do programa teve um eco muito expressivo no tecido empresarial nacional e na sociedade. Tivemos já muitos contactos de empresas, associações, entre outras entidades. Sabemos que para concretizar a transformação que vemos necessária para as empresas e que envolve a adoção das boas práticas de governance teremos, em primeiro, de as sensibilizar para o tema. Têm de entender o que é e qual a sua importância. Por isso, não podemos descansar sobre o sucesso que foi o lançamento, pois o caminho ainda será longo e exigirá muito trabalho. Mas estamos muito satisfeitos com o que já alcançámos neste primeiro mês.
Quantas empresas já apoiaram?
É importante notar que o programa integra diferentes modelos de apoio às empresas, cada um vocacionado para um tipo de público-alvo diferente dentro das 50.000 pequenas e médias empresas que pretendemos alcançar.
Alertá-las e trazer-lhes inquietude sobre esta temática é a primeira forma de apoio, ligeiro é verdade, mas não menos importante, pois só faz caminho quem percebe que há outros lugares. Garantir-lhes informação sobre o tema, através do Guia, é outra forma de apoio. A capacidade de uma empresa conseguir realizar uma autoavaliação objetiva sobre as suas práticas de governance, através do scoring, é outra forma de apoio que também prevemos no programa, mas que provavelmente já não se destinará a todas. Por fim, a forma mais interventiva de apoio, mas que só será adequada para as empresas que já tenham alguma maturidade no seu modelo de governance, é o de lhes facilitar o acesso à figura de “administrador não executivo independente”, que designamos de Bolsa de Conselheiros.
Afirmar quantas empresas apoiamos não é, por isso, linear. Podemos, no entanto, adiantar que temos tido uma surpreendente reação das empresas e empresários, e recebido muitos contactos à procura destes diferentes tipos de apoio. Noutros casos, fomos nós a contactar proactivamente as empresas. Por exemplo, para a bolsa de conselheiros, recebemos indicações que determinadas empresas poderiam estar interessadas em beneficiar do programa Metamorfose, por isso fomos ao seu encontro.
Cumpriram as previsões neste primeiro mês?
Sim! Arrisco-me mesmo a dizer que superámos as expectativas que tínhamos, já que a recetividade foi muito positiva. Não só pelas reações que temos tido de empresas e empresários, mas também de outras entidades, como associações e universidades, que procuram saber mais sobre o Programa para o poderem partilhar dentro das suas redes ou até, nalguns casos, para se tornarem parceiros face ao interesse que têm. Temos sido também contactados por quadros de topo, que se disponibilizam para fazer parte da Bolsa de Conselheiros.
Estamos, e creio que também posso falar pelo nosso parceiro IPCG, muito satisfeitos com este arranque. Mas, conforme referi, não podemos esquecer que os nossos objetivos são de longo prazo. Temos 50.000 pequenas e médias empresas em Portugal, a quem queremos chegar com este Programa. Estamos no início de uma maratona, não é um sprint de 100 metros.
Quais as perspetivas para o resto do ano de 2022? E para 2023?
Temos as empresas que irão participar no piloto da Bolsa de Conselheiros selecionadas e os quadros dos Associados já se encontram a frequentar a formação de não executivos, ministrada pelo Instituto Português de Corporate Governance. Contamos iniciar ainda este ano este projeto piloto, e lançar o rol-out durante 2023.
Mantemos o plano de lançar a ferramenta de autodiagnóstico, o scoring, no primeiro trimestre de 2023. Mas estamos, nesta fase, como referi, muito enfocados na divulgação da urgência e valor do governance e na promoção do Guia. Pretendemos que ele seja conhecido, consultado e seguido pelo maior número de empresas possível. Estamos a trabalhar com um conjunto de associações empresariais, industriais e locais, com parceiros, como a CMVM, e com os Associados do BRP, no sentido de dar a conhecer o Guia, bem como todo o programa Metamorfose.