Procura emprego? Setor dos cruzeiros de turismo precisa de 100 mil pessoas nos próximos quatro anos. Conheça as regalias

“Gosto deste trabalho. Já viajei para mais de 100 países, convivo e aprendo com uma tripulação de mais de 70 culturas diferentes, falo seis línguas e há muitas oportunidades de promoção”, indicou Javier Mora, diretor de cruzeiros da MSC Cruzeiros, de Nápoles.

Isto a propósito de uma oferta de emprego inédita, de mais de 100 mil vagas, de acordo com a ‘Cruise Lines International Association0 (CLIA), que será gerada pelos 50 novos navios que serão lançados nos próximos quatro anos. No entanto, há um ‘lado B’, de acordo com Mora. “Nem todos têm estofo. Vê-se pouco a família, trabalha-se muito e arduamente e é preciso estar disponível 24 horas por dia.”

Com um regresso espetacular após a pandemia, o crescimento do setor dos cruzeiros está a impulsionar o recrutamento de talentos para cargos a bordo e em terra (entre 400 e 3.000 cargos por navio, dependendo da sua dimensão). Além das 100 mil contratações que serão feitas até 2028, a CLIA soma 400 postos diferentes que as transportadoras vão precisar – uma macrosselecção de pessoal “se tivermos em conta que apenas operam no mundo 300 navios de cruzeiro”, afirmou Alfredo Serrano, diretor em Espanha da associação patronal da navegação.

O gestor dá algumas dicas para a conquista de um contrato: “Avalia-se a formação específica para cada cargo, mas sobretudo a aptidão, tanto para trabalhar neste ambiente, onde passam dias sem avistar o litoral, como para poder passar por um comando em cadeia que segue procedimentos rigorosos.” Outra das competências decisivas para ter sucesso a bordo é ser pro-ativo e criativo num ambiente em mudança. “Embora o cliente nunca se aperceba, no barco acontecem sempre coisas (doenças, avarias…) e ser decisivo no meio do mar é valorizado”, sustentou Serrano.

De acordo com o relatório CLIA, a taxa de retenção de talento no setor é de 80% e a ocupação de até 40% dos cargos de gestão por mulheres. “Num barco o talento e o empenho são facilmente identificáveis. Não é difícil conseguir reconhecimento e promoções, seja homem ou mulher, porque a qualidade do trabalho fala”, garantiu.

Já Mireia Escude, diretora de hotel da ‘Silversea Cruises’, descreveu a vida a bordo como um privilégio. “Entrar todos os dias em novas cidades, chegar a lugares espetaculares, interagir com os nossos hóspedes e colegas faz com que cresça pessoal e profissionalmente de uma forma difícil de encontrar em empregos mais convencionais”, indicou.

“Embora o mar exija que estejamos sempre atentos e não tenhamos uma liberdade normal, o pouco tempo livre disponível é muito bem aproveitado porque uma fundação para a tripulação subsidia atividades, jantares temáticos, ginásio e até jacuzzi”, destacou Escude. Da MSC Cruzeiros (com 23 navios no seu currículo), a sua chefe de experiência de tripulação, Ilaria Wambach, contou que, devido ao crescimento, contratam 10 mil pessoas por ano, um número elevado devido “aos novos navios e à rotatividade. Precisamos de criar uma pool (2 ou 3 funcionários para o mesmo cargo em muitos deles) para tripulações de 2.000 ou 3.000 membros nos nossos navios”. E inclui uma vasta gama de perfis que falam inglês: “Vendedores, cargos de hotelaria, eletricistas, contabilistas, engenheiros, entretenimento…”

“Na MSC Cruzeiros pedimos a cada tripulante que esteja orientado para o cliente, trabalhe em equipa e esteja disposto a continuar a aprender”, destacou – o tempo médio de permanência na empresa é de seis anos e o salário varia entre os 1.500 e os 3.000 euros mensais, “em princípio, isento de impostos e economizável para comprar casa para jovens, por exemplo, dado que a tripulação viaja com alojamento e alimentação incluída”.

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