Primeiro passo pós suspensão da anexação. Avança a construção de mais de 2 mil casas em colonatos na Cisjordânia

Israel aprovou, esta quarta-feira, a construção de 2.166 casas em colonatos na Cisjordânia ocupada, a primeira decisão sobre esta matéria desde a normalização de relações entre o Estado hebreu e os dois países árabes do Golfo em meados de setembro.

A informação foi confirmada à agência France-Presse (AFP) por um responsável do Ministério da Defesa israelita, que precisou que o conselho de planificação superior da Administração Civil na Cisjordânia – organismo militar israelita que gere a ocupação destes territórios palestinianos ocupados – validou a construção destas novas habitações.

Esta autorização surge após um período de oito meses durante o qual as novas construções nestes territórios ocupados por Israel estiveram paralisadas. Também acontece menos de um mês depois da assinatura de um acordo de normalização de relações entre Israel e dois países da região do Golfo Pérsico.

Os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein firmaram os acordos com Israel no passado dia 15 de setembro em Washington, sob o olhar do Presidente norte-americano, Donald Trump, tornando-se nos primeiros países árabes a reconhecerem o Estado hebreu após o Egito (1979) e a Jordânia (1994).

Os palestinianos rejeitaram estes acordos, classificando-os como uma “traição”.

O passo dado por Abu Dhabi e Manama foi uma mudança no consenso histórico no seio da Liga Árabe, que sempre rejeitou o estabelecimento de relações com Israel até que existisse uma resolução para o conflito israelo-palestiniano, nomeadamente uma solução de dois Estados.

No contexto desta normalização de relações, Israel comprometeu-se a suspender os seus planos de anexar partes da Cisjordânia, concessão que foi então saudada e encarada pela Europa e por certos governos árabes como um encorajamento às esperanças de paz.

Mas o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou, entretanto, que a anexação de partes da Cisjordânia ocupada foi apenas “adiada” e que Israel “não desistiu”.

A organização não-governamental (ONG) Peace Now denunciou hoje que outras 2.000 casas serão aprovadas na quinta-feira.

Netanyahu “está a reforçar de facto a anexação da Cisjordânia”, reforçou a organização de monitorização dos colonatos israelitas.

Mais de 450.000 israelitas vivem na Cisjordânia ocupada em colonatos, considerados ilegais pela lei internacional, ao lado de 2,7 milhões de palestinianos.

Os colonatos israelitas são encarados como um obstáculo à solução de dois Estados, um Estado palestiniano viável ao lado de Israel, segundo menciona a ONU.

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